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Gravidez na adolescência – um triste fator de promoção da pobreza

Estudo da ONU mostra os impactos da gravidez não planejada no aprofundamento das desigualdades sociais e de gênero

Anderson de Alcantara - 18/06/2019 17h40

Fevereiro terá semana dedicada a prevenção da gravidez na adolescência Foto: Pixabay

Recentemente a ONU (Organização das Nações Unidas) divulgou, através do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), um relatório a respeito dos direitos relativos à saúde sexual e reprodutiva das populações. Em relação ao Brasil, um dos principais alertas feitos pela organização mundial diz respeito a elevada incidência de gravidez na adolescência.

No Brasil, a taxa é de 62 adolescentes grávidas para cada grupo de mil jovens do sexo feminino na faixa etária entre 15 e 19 anos. O índice é maior que a taxa mundial, que corresponde a 44 adolescentes grávidas para cada grupo de mil.

Quando uma adolescente fica grávida, muda radicalmente seu presente e seu futuro, e em raríssimas ocasiões essas mudanças são para o bem.

Segundo o levantamento, mulheres pobres, com pouca instrução e vivendo em áreas rurais têm poucas opções para evitar gravidez ou ter um pré-natal adequado e um parto com ajuda profissional qualificada. Diante isso, ao encontrar obstáculos para exercer seus direitos reprodutivos (o que inclui não só o planejamento familiar, o acesso a contraceptivos e a orientações sobre educação sexual), as mães adolescentes também têm as perspectivas de futuro comprometidas pela falta de acesso ao ensino e posteriormente a uma renda melhor.

Inegavelmente, essas jovens e seus filhos terão condições limitadas de ascensão social e maior dificuldade para romper as barreiras da linha de pobreza.

Ao engravidarem muito cedo, as adolescentes veem seus projetos de vida naufragarem. Há uma correlação direta entre gravidez e abandono escolar. Cerca de 58% das meninas brasileiras com filhos não trabalham nem estudam. A partir deste ponto, os estudos do UNFPA comprovam ainda mais a relação entre a gravidez na adolescência e o ciclo de perpetuação da pobreza, desigualdade e exclusão social. Afinal, ainda é maior a incidência de mães adolescentes nas camadas menos favorecidas economicamente do país, o que acaba gerando um ciclo vicioso.

Também não podemos deixar de ressaltar que além dos fatores econômicos, sociais e psicológicos que enfrentará, a adolescente grávida precocemente pode apresentar sérios problemas durante a gestação, inclusive risco de morte – sua e de seu bebê.

Mas como fazer para essas adolescentes não terem filhos tão cedo e, com isso, se afastarem completamente da escola e de uma vida profissional com expectativas melhores?

Em um momento no qual se tem falado tanto de Empoderamento Feminino, promover a educação, a formação e o desenvolvimento profissional das mulheres deve ser objeto de políticas públicas que propiciem a criação de carreiras; de uma legislação trabalhista em melhor defesa de gestantes/mães; mais vagas em creches públicas; de programas sociais e de fomento a pesquisas, principalmente nas camadas da sociedade onde essa situação esteja mais endêmica (zonas pobres das grandes cidades, e municípios do interior).

Muitas meninas que ficaram grávidas muito jovens, quando entrevistadas em pesquisas, acharam normal iniciar a vida assim, pois geralmente respondiam que a mãe também engravidou na mesma idade.

Além disso, é urgente que se promovam medidas mais punitivas contra o casamento infantil e as uniões precoces antes dos 18 anos, no Brasil. A coisa fica pior ainda se pensarmos que muitas dessas gestações não planejadas não são fruto de uma escolha deliberada, mas sim de uma relação de abuso.

Afinal, quando uma adolescente perde a opção de escolher o seu futuro por uma gestação não planejada, todas as mulheres são enfraquecidas.

Por hoje fico aqui, lembrando que, caso você tenha alguma questão ou dúvida relacionada a Finanças Pessoais, pode enviá-la para redacao@plenonews.com.br e eu terei o maior prazer em responder e tentar lhe ajudar.

Forte abraço e até semana que vem. Sucesso e fique em Paz!

Anderson de Alcantara é profissional do mercado financeiro há 30 anos, onde atua como como Planejador Pessoal; e é Professor Titular do Ministério Videira – Educação Financeira à luz da Bíblia.
* Este texto reflete a opinião do autor e não, necessariamente, a do Pleno.News.
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