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Casa própria – parte II: Financiar ou alugar

Dizem que é melhor pagar por algo que é seu do que ficar pagando aos outros. Será mesmo?

Anderson de Alcantara - 07/05/2019 10h19


Olá, caro leitor do Pleno.News! Como vai? Tudo bem?

Dando continuidade à série de estudos sobre como realizar o sonho da casa própria, quero hoje falar para você que está com pressa de ter seu próprio lar. Esta é a galera que está no primeiro grupo que selecionamos semana passada (clique aqui para ler a matéria).

E aqui já cabe a primeira reflexão do dia. Quero começar dizendo que, se você está comprometido(a) e pensando em se casar, quer formar uma família e ter seu próprio lar, eu serei o primeiro a lhe dar total apoio. Isso é super saudável e é maravilhoso! Eu sou casado há 21 anos, e não quero voltar a ser solteiro. Mas as coisas não podem ser confundidas nem misturadas.

Há um ditado que diz que “Quem casa quer casa”. Você já o ouviu? Certamente. Mas a grande verdade é que quem casa quer um lar, o que não significa, num primeiro momento, necessariamente, ter uma escritura de imóvel em seu nome. Perceba a diferença.

Se vocês estão com dinheiro suficiente para comprar um imóvel à vista hoje, tudo bem. Comecem a visitar imóveis à venda na cidade onde vocês moram e decidam por aquele que mais lhes agradar.

DICA: sempre visite pelo menos 10 imóveis antes de decidir qual vai comprar. Escolha 2 ou 3 finalistas e revisite-os em dias e horários diferentes. Somente inicie negociações com imóveis 100% regularizados e com habite-se.

Mas, se você não está com dinheiro para comprar um imóvel à vista, pare aqui agora, respire um pouco, e vamos conversar a respeito.

Deixe-me lhe dizer uma coisa: não existe nada pior do que começar um casamento fazendo uma dívida imobiliária. Aquilo que é passado para nós como um “modelo ideal”, que consiste em entregar tudo o que vocês conseguiram juntar de dinheiro até agora para dar de entrada em algo que será financiado por 15, 20 ou 25 anos, e vai se transformar em uma hipoteca a qual lhes dará o direito de morar num bem que ainda não é seu, para algumas pessoas faz sentido e transmite uma sensação de segurança – só que ela é falsa.

Durante todo o prazo do contrato, se vocês atrasarem 3 meses de pagamento da hipoteca, pela legislação atual, o banco poderá vir e tomar a casa – que é dele, e não de vocês.

A falsa sensação de segurança, na verdade, passa a ser um peso na consciência que lhes impedirá, talvez, até de dar passos importantes na vida como, por exemplo, pedir demissão do emprego para abrir o seu próprio negócio; ou mudar de cidade para tentar recomeçar a vida num novo local; e até mesmo dizer o que você realmente pensa para o seu chefe na próxima reunião de equipe, fica inviável, porque agora vocês têm uma hipoteca para pagar, e isso na verdade é um grande atraso, um enorme limitador de sonhos. É um modelo antigo, um verdadeiro atraso de vida.

Não há nenhuma vantagem numa dívida. Nenhuma. Dívida significa escravidão.

Ao invés disso, considerem começar a vida de vocês morando num “puxadinho” anexo à casa de parentes, ou num imóvel emprestado ou alugado por um valor acessível, mesmo que num bairro distante. Sejam humildes no seu começo. Seus pais provavelmente foram! Eu sou exemplo disso, já compartilhei minha experiência com vocês (clique aqui para ler a matéria).

Tentem qualquer forma que permita a vocês não ter que entregar dinheiro duramente conquistado em forma de uma “entrada” e, em troca, ganhar uma hipoteca de 25 anos durante os quais, se algum imprevisto acontecer, o banco tomará o imóvel e vocês terão que recomeçar tudo da estaca zero, sem nem mesmo o capital inicial de vocês. Isso é que é triste.

Eu sei que vocês ouviram muito seus pais e seus tios dizerem que “é melhor pagar por algo que é seu do que ficar pagando aos outros!” Só que (pré) conceitos existem para serem reavaliados de tempos em tempos, e nada resiste ao teste da calculadora. Então, sejamos práticos e vamos a um exemplo:

  • 02 casais pretendem morar num imóvel de R$ 300.000,00;
  • Ambos (os casais) têm R$ 60.000,00 (20%) para dar de entrada;
  • Ambos farão um plano de 25 anos para adquirir o imóvel;
  • 1 casal optará pelo financiamento, assumindo uma prestação mensal;
  • 1 casal optará por morar de aluguel, assumindo o compromisso de guardar mensalmente o valor equivale à prestação que o outro casal pagará;
  • A taxa de juros do financiamento é de 9% ao ano (padrão de mercado), e a do investimento é de 6,17% ao ano (extremamente conservadora);
  • Vejamos os resultados:

NOTA: Os cálculos acima foram todos feitos a valor presente, desconsiderando o efeito da inflação que reajustará, da mesma forma, a valorização do imóvel, o valor do aluguel e o compromisso de aplicação mensal dos casais.

Bem, contra fatos não há argumento. Fazendo o mesmo esforço, o casal 2 tem a escolha de comprar o imóvel onde mora, 10 anos antes do casal 1; ou se mudar para um apartamento 3 vezes mais valioso ao final dos 25 anos do plano original.

E isso tudo com mais liberdade, tranquilidade e outras vantagens sobre as quais falarei ainda nas próximas semanas, pois ainda existem outras alternativas valiosas a serem analisadas. Se eu fosse você, parava de ficar ouvindo conselhos velhos e me manteria atualizado. Sempre aqui no Pleno.News !

Por hoje fico por aqui, lembrando que, caso você tenha alguma questão ou dúvida relacionada a Finanças Pessoais, envie-a para redacao@plenonews.com.br e eu terei o maior prazer em responder e tentar lhe ajudar.

Forte abraço, até semana que vem, sucesso, e fique em paz!

Anderson de Alcantara é profissional do mercado financeiro há 30 anos, atua como consultor financeiro na 3468 Finance e é professor titular do Ministério Videira – Educação Financeira à luz da Bíblia.
* Este texto reflete a opinião do autor e não, necessariamente, a do Pleno.News.
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