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A disputa das empresas financeiras com foco em tecnologia contra os bancos convencionais vai ficando cada vez mais acirrada

Anderson de Alcantara - 20/02/2020 14h57

Mercado financeiro vem se tornando cada vez mais virtual, ao longo dos anos

As fintechs, empresas que oferecem serviços financeiros por meio de plataformas digitais, mudaram os hábitos dos consumidores brasileiros nos últimos anos. Um levantamento da CNDL (Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas) e do SPC Brasil (Serviço de Proteção ao Crédito) feito em parceria com o Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) indica que 40% dos entrevistados utilizaram cartão de crédito de alguma fintech nos últimos 12 meses.

Em contraponto, bancos convencionais vêm fechando agências e dispensando bancários. Só os três maiores bancos privados brasileiros fecharam as portas de 430 agências no ano passado, enxugando suas equipes em quase 7 mil pessoas, cujas saídas foram motivadas, principalmente, por programas de demissão voluntária (PDVs).

O crescimento de uma área está diretamente ligado à diminuição da outra, uma vez que o mercado financeiro nacional não cresceu significativamente no mesmo período. Acrescente ainda nesta conta, o aumento constante das operações digitais, o que diminui a dependência da população da presença de profissionais bancários nas agências.

Este último fator não é novidade. Vivi isso bem de perto, no início dos anos 90, quando os primeiros computadores começaram a chegar maciçamente nas agências bancárias. De lá para cá, com a diminuição dos serviços manuais, só para efeito de comparação, uma das agências em que trabalhei naquela época tinha 130 funcionários (só de “Andersons”, éramos 3! – rs). Hoje, esta mesma agência na Zona Norte do Rio de Janeiro, opera normalmente com 26 funcionários.

Ainda não dá para cravar que as fintechs vieram para acabar com os bancos convencionais. Essa discussão tecnológica é tão antiga quanto as revoluções de mídia que prometeram, por exemplo, acabar com o rádio. Cinema, televisão, internet, mp3, podcasts e streamers de mídia vieram, chegaram, se estabeleceram… e o rádio, centenário, continua firme e forte.

Na verdade, enquanto os bancos continuam acumulando lucros ano após ano aqui no Brasil (mesmo nos anos de crise), é sabido que muitas das novas fintechs operam no prejuízo. Seus acionistas estão investindo dinheiro agora, pagando as operações e visando ter retorno lá na frente.

Além disso, nem tudo pode ser virtualizado de uma hora para a outra. O atendimento pessoal ainda é crucial. Acompanhei um cliente no levantamento de uma operação de crédito com garantia de seu imóvel, a qual é bastante alardeada com “taxas mais baixas e processo mais ágil” por pelo menos duas fintechs nacionais. Qual não foi a nossa surpresa ao constatar que foi um dos “bancões antigos” quem foi mais ágil, e com uma taxa tão atrativa quanto as das fintechs. Uma delas chegou a levar uma semana simplesmente para dar “Oi!” ao cliente, após ele ter disparado seu primeiro pedido de contato. Ponto para os bancos.

Ou seja, ainda estamos longe de poder dizer que as novas empresas de finanças com base em tecnologia estão desbancando os bancos (trocadilho sem querer!) de suas posições. Mas que em alguns segmentos – como o de cartão de crédito – elas já vêm conseguindo conquistar um significativo espaço junto aos seus velhos concorrentes, isso já é realidade.

Por hoje fico aqui, lembrando que, caso você tenha alguma questão ou dúvida relacionada a Finanças Pessoais, pode enviá-la para redacao@plenonews.com.br e eu terei o maior prazer em responder e tentar lhe ajudar.

Forte abraço e até semana que vem. Sucesso e fique em paz!

Anderson de Alcantara é profissional do mercado financeiro há 30 anos, onde atua como como Planejador Pessoal; e é Professor Titular do Ministério Videira – Educação Financeira à luz da Bíblia.
* Este texto reflete a opinião do autor e não, necessariamente, a do Pleno.News.
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