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Mark defende que políticos possam mentir em anúncios

'São tensões com as quais temos que conviver', disse dono do Facebook

Ana Luiza Menezes - 17/10/2019 19h02 | atualizado em 17/10/2019 19h15

Mark Zuckerberg, CEO do Facebook Foto: Reprodução/Facebook

Mark Zuckerberg, presidente-executivo do Facebook, saiu em defesa da liberdade de expressão em duas ocasiões nesta quinta-feira (17). Em entrevista ao jornal The Washington Post, ele afirmou que teme “a erosão da verdade” na internet, ao mesmo tempo em que defende que políticos possam fazer anúncios que contenham mentiras na rede social.

– Não acho que que as pessoas querem viver num mundo onde você só pode dizer coisas que as empresas de tecnologia determinam que são 100% verdadeiras. Acho que essas são tensões com as quais temos que conviver – disse.

A declaração vem em mais um momento de pressão à empresa sobre o conteúdo que é disseminado no Facebook. O último episódio contrapôs a rede social aos democratas, que criticaram a companhia por permitir um anúncio da campanha de 2020 de Donald Trump que inclui deturpações sobre o ex-vice-presidente Joe Biden.

A senadora Elizabeth Warren chegou a exibir um anúncio próprio de campanha satirizando que Zuckerberg apoia a reeleição de Trump.

Na entrevista, Zuckerberg pediu aos Estados Unidos que estabeleçam um exemplo de regulamentação em contraste a outros países, referindo-se à China, que controla o discurso político na internet.

O Facebook quer se distanciar da responsabilidade de ser seu próprio regulador, à medida que eleições e votações em diversos países são influenciadas pela desinformação nos serviços da empresa, incluindo o Brasil.

Em um discurso posterior na Georgetown University, Zuckerberg dedicou parte do pronunciamento, exibido ao vivo em seu perfil na rede social, para criticar a censura na internet da China.

– A China está criando sua internet baseada em valores diferentes, e agora exporta sua própria visão a outros países – afirmou.

Segundo ele, a restrição à liberdade de expressão é um dos motivos pelos quais os serviços do Facebook, como WhatsApp e Instagram, não operam na China. Ele disse ainda ter tentado entrar no país algumas vezes, mas sem acordo.

É importante lembrar que, diferentemente do Ocidente, a China não depende do Facebook e o governo nunca demonstrou claro interesse em receber os negócios de Zuckerberg no país.

Mesmo em julho de 2018, quando a censura da China era praticamente a mesma de hoje, o jornal The New York Times reportou o interesse da empresa em abrir um centro de inovação na província de Zhejian, pedido barrado pelo governo.

Além disso, Zuckerberg posicionou seus produtos como baluartes da liberdade de expressão ao dizer que “enquanto nossos serviços como WhatsApp são usados por manifestantes e ativistas em todos os lugares, além da forte criptografia e proteção da privacidade, no Tik Tok, aplicativo chinês com rápido crescimento no mundo atualmente, as menções sobre os mesmos protestos são censuradas, mesmo nos Estados Unidos”.

Ao fazer um discurso em oposição à China, o presidente da empresa se beneficia do apoio que recebe de organizações ligadas a direitos e privacidade na internet em um embate recente com reguladores dos Estados Unidos, Reino Unido e Austrália.

Mesmo os grupos tradicionalmente mais críticos ao modelo de negócios do Facebook assinaram uma carta no início deste mês pedindo que Zuckerberg não ceda à pressão de reguladores e do FBI e mantenha seu plano de implementar a criptografia de ponta a ponta em serviços como o Messenger. O reforço da segurança nas conversas é um desafio extra à investigação policial.

Zuckerberg também criticou a China no momento em que os produtos asiáticos começam a tomar o Ocidente, a exemplo do próprio Tik Tok, cujas funcionalidades são replicadas em produtos americanos.

– Há dez anos, as maiores companhias da internet eram americanas. Hoje, seis de 10 são chinesas – destacou o empresário.

*Folhapress

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