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Ucrânia dá resposta crítica a conselho do papa sobre a guerra

Pontífice disse que Kiev deveria ter coragem para negociar o fim da guerra com a Rússia

Pleno.News - 11/03/2024 17h32 | atualizado em 11/03/2024 18h19

Papa Francisco Foto: Ernesto Arias/EFE

A Ucrânia criticou, neste domingo (10), o papa Francisco pelas declarações sugerindo que Kiev deveria ter coragem para negociar o fim da guerra com a Rússia. O país de Volodimir Zelenski e seus aliados declarou que nunca se renderá à Rússia e que a bandeira do país é “amarela e azul”, em referência à expressão “bandeira branca” usada por Francisco.

Em uma entrevista divulgada pela televisão pública suíça RTS no último sábado (9), o líder religioso foi questionado sobre as possibilidades de resolução do conflito na Ucrânia e pediu para que não haja vergonha em negociar “antes que as coisas piorem”.

– Acredito que são mais fortes aqueles que veem a situação, que pensam no povo, que têm a coragem de levantar a bandeira branca e negociar – declarou o papa.

Como reação, o ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmitro Kuleba, escreveu em uma publicação na rede social X:

– Nossa bandeira é amarela e azul. Esta é a bandeira pela qual vivemos, morremos e triunfaremos. Nunca levantaremos outras bandeiras.

– No que diz respeito à bandeira branca, conhecemos a estratégia do Vaticano na primeira parte do século 20. Peço-lhe que evite repetir os erros do passado e que apoie a Ucrânia e o seu povo na sua luta pela vida – acrescentou, sugerindo uma relação entre a sede da Igreja Católica e a Alemanha nazista.

Kuleba afirmou, entretanto, que espera que o pontífice argentino “encontre a oportunidade de fazer uma visita canônica à Ucrânia”.

O chefe da Igreja Greco-Católica da Ucrânia, o arcebispo Sviatoslav Shevchuk, disse, neste domingo, que a rendição não está na mente dos ucranianos.

– A Ucrânia está exausta, mas resiste e resistirá. Acredite, nunca passou pela cabeça de ninguém se render – disse Shevchuk em um evento em Nova Iorque.

Da mesma forma, Radek Sikorski, ministro dos Negócios Estrangeiros da Polônia, um dos países aliados da Ucrânia, publicou no X:

– Que tal, para equilibrar, encorajar Putin a ter a coragem de retirar o seu exército da Ucrânia? A paz aconteceria imediatamente sem a necessidade de negociações.

O porta-voz do Vaticano, Matteo Bruni, esclareceu, no último sábado, que o papa apoiava “o fim das hostilidades e uma trégua alcançada com a coragem das negociações”, em vez de uma rendição total da Ucrânia. Bruni disse ainda que o jornalista que entrevistou Francisco usou o termo “bandeira branca” na pergunta que motivou os comentários polêmicos.

*AE

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