Testemunha da Odebrecht na Colômbia não tomou veneno
Suspeita foi descartada após laudo técnico
Camille Dornelles - 27/11/2018 09h28 | atualizado em 27/11/2018 09h32

As autoridades colombianas ratificaram nesta segunda-feira (26) que Jorge Enrique Pizano, testemunha-chave no escândalo de subornos da Odebrecht no país, não ingeriu o veneno cianureto. A suspeita surgiu depois que seu filho morreu por envenenamento apenas três dias depois.
A certificação do Instituto Nacional de Medicina Legal e Ciências Legista e da Procuradoria Geral da Nação foi possível após a análise de uma toalha com a qual Pizano limpou seu sangue após cortar-se enquanto se barbeava na sua casa no dia em que morreu.
– Os resultados da toalha indicam que se trata de sangue humano. O DNA recuperado corresponde a Jorge Pizano e a mancha não contém cianureto – disse o diretor de Medicina Legal, Carlos Eduardo Valdés.
Pizano morreu de parada cardíaca no último dia 8 de novembro. Três dias depois, seu filho bebeu de uma garrafa d’água envenenada no escritório da residência do pai. Os policiais posteriormente encontraram uma carga de cianureto no porão e levantaram suspeitas de assassinatos encomendados.
QUEM ERA JORGE ENRIQUE PIZANO
O engenheiro era auditor financeiro da concessão das obras de construção da rodovia Ruta del Sol 2 representando o Grupo Aval, uma das maiores empresas do país e parceira da Odebrecht no projeto. Era tido como testemunha-chave por ter atuado como auditor.
Três meses antes de sua morte, ele deu uma entrevista à rede de televisão Canal Uno, na qual acusou autoridades de saberem de irregularidades na licitação para a construção da Ruta del Sol. A outra publicação, a revista Semana, escreveu uma carta na qual disse temer ser assassinado.
O QUE É A RUTA DEL SOL
É uma grande rodovia em construção e que, quando estiver concluída, ligará o centro ao norte da Colômbia.
QUEM SÃO OS ENVOLVIDOS NA OBRA
A construção do trecho 2 foi concedida a um consórcio liderado pela Odebrecht e cujo financiamento foi realizado pela Corficolombiana, cujo sócio majoritário é o Grupo Aval. Luis Carlos Sarmiento Ángulo, um dos homens mais ricos da Colômbia, é proprietário do Grupo Aval.
Na época em que explodiu o escândalo de pagamento de propinas por parte da Odebrecht, o advogado dele era Néstor Humberto Martínez, atualmente o procurador-geral da Colômbia.
DE ONDE VEIO O CIANURETO
Os investigadores encontraram um recipiente com um quilo de cianureto, que estava debaixo da pia de um banheiro. Porém, como o cianureto chegou até a garrafa é a grande incógnita sobre o caso.
*Com informações da Agência EFE