Talibã ateou fogo em mulher por “cozinhar mal”, denuncia afegã
Refugiada nos EUA, ex-juíza Najla Ayoubi colhe relatos de colegas ativistas que permanecem na região
Thamirys Andrade - 24/08/2021 10h12 | atualizado em 24/08/2021 10h34
Combatentes do Talibã atearam fogo em uma mulher acusada de “cozinhar mal” para eles, segundo relata a ativista e ex-juíza afegã Najla Ayoubi. Em entrevista à emissora Sky News, Ayoubi afirma que os membros do grupo islâmico têm forçado as pessoas a alimentá-los.
– Eles estão forçando as pessoas a dar e a fazer comida para eles. Uma mulher foi incendiada porque foi acusada de cozinhar mal para os combatentes do Talibã – contou a ex-magistrada na última sexta-feira (20).
Ayoubi deixou o seu país às pressas, quando o Talibã reassumiu o controle do Afeganistão e, atualmente, ela está refugiada nos Estados Unidos. À distância, Ayoubi tem recebido relatos de “milhares e centenas de colegas ativistas” que ainda se encontram naquele país. De acordo com ela, há testemunhos de mulheres espancadas, chicoteadas e estupradas.
– Há tantas mulheres jovens, nas últimas semanas, sendo enviadas para países vizinhos em caixões, para serem usadas como escravas sexuais. Eles também forçam as famílias a casar suas filhas com combatentes do Talibã. Não vejo onde está a promessa de que as mulheres poderiam trabalhar, quando estamos vendo todas essas atrocidades – lamentou Ayoubi.
Former Afghan judge Najla Ayoubi says she had to “flee” for her life from the Taliban after speaking in favour of women and women’s rights.
She says she’s spoken to hundreds of her fellow activists in Afghanistan and many of them are “in hiding”.https://t.co/L3t5CE65aD pic.twitter.com/btj45ANiDm
— Sky News (@SkyNews) August 20, 2021
Em declaração recente, os Estados Unidos, a União Europeia e inúmeros outros países expressaram sua “profunda preocupação” com a situação das mulheres e meninas afegãs.
– Estamos profundamente preocupados com as mulheres e meninas afegãs, [com] seus direitos à educação, [ao] trabalho e [à] liberdade de circulação. Apelamos aos que ocupam posições de poder e autoridade em todo o Afeganistão para garantir sua proteção. Nós, na comunidade internacional, estamos prontos para ajudá-las com apoio humanitário, para garantir que suas vozes possam ser ouvidas – diz a declaração.
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