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Fugindo da guerra, sírio encontra a paz no Brasil

Ha três anos, Mazen trabalha como vendedor de salgados no Rio de Janeiro

Gabriel Gontijo - 27/03/2018 16h42 | atualizado em 28/03/2018 10h25

Por causa da guerra, sírios se mudam para o Brasil e trabalham vendendo comida árabe nas ruas Foto: Agência Folha

Mazen era estudante de Literatura árabe em uma universidade de Damasco, capital da Síria. Mas por causa da guerra que o país enfrenta há sete anos, resolveu tentar a sorte na cidade do Rio de Janeiro.

Morador da capital fluminense desde 2015, o sírio começou trabalhando em um restaurante árabe e depois começou a fazer, em casa, salgados típicos da região, como esfirras e quibes. Inicialmente, ele vendia em cima de uma pequena mesa de rua, mas juntou dinheiro e comprou uma carrocinha que permite manter os alimentos na temperatura ideal. Atualmente, Mazen trabalha na Praça Afonso Pena, no bairro da Tijuca.

Apesar de ter nascido na Síria, o Brasil é conhecido para Mazen, pois seu avô morou no país por 20 anos. Além disso, o pai do imigrante nasceu em Belo Horizonte, Minas Gerais. O vendedor falou ao Pleno.News que toda a família, inclusive quem morou em solo brasileiro, voltou para o Oriente Médio. Ele também contou o porquê de escolher o Brasil:

– Meu avô morou muito tempo aqui, em Minas Gerais. Ele sempre falava que o Brasil era uma terra boa. Quando cheguei aqui, também achei isso, pois as pessoas são muito boas, solidárias e receptivas. Achei tudo muito bom aqui, tem trabalho e tem tudo. O único perigo é a violência na rua – contou Mazen, que também ficou assustado ao ver o noticiário policial sobre a cidade.

Apesar de ter sido assaltado duas vezes no Rio, ele faz elogios à cidade e, principalmente, ao carioca. Por isso, ele tenta trazer o resto da família – o pai, a mãe e dois irmãos – para a capital fluminense. Um dos irmãos dele já mora, há oito meses, no país.

Mesmo tendo se mudado há três anos, o vendedor admite ter algumas dificuldades para falar e compreender o português e só começou a entender o idioma depois de um ano morando no Brasil. Mesmo assim, ele citou algumas problemas com a língua que ainda podem ocorrer:

– Em um ano eu conseguia entender bem o português, mas ainda tenho dificuldades pra falar algumas palavras. Se, por exemplo, eu for para o hospital não vou conseguir entender muitos termos, como partes do meu corpo, meus órgãos. Se tiver que resolver algo na prefeitura, também vai ser difícil de entender algo.

Embora defenda uma alternância na Presidência do país, Mazen argumenta que há muita gente na Síria que goste do presidente Bashar al-Assad. Para o vendedor, o atual conflito é culpa do Estado Islâmico e, também, de países como Estados Unidos e Arábia Saudita que têm interesses na região.

– Eu, pessoalmente, acho que essa guerra é pra tirar o Assad do poder. Dizem que é uma guerra civil entre os sírios, mas não acredito. Na verdade, os Estados Unidos e a Arábia Saudita, estão de olho no petróleo. Outro interesse é a venda de armas para a região. O Estado Islâmico também tenta, há sete anos, tirar o Assad do poder. Mas não vão conseguir, pois o Assad conta com muita gente que o apoia.

Em guerra desde 2011, a Síria tem como presidente Bashar al-Assad, que governa o país desde 2000, seu pai, Hafes al-Assad, era o chefe de governo anterior, tendo ficado por quase 30 anos no cargo.

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