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Após ataque químico, Macron defende bombardeios na Síria

Presidente francês disse que ato foi uma defesa do direito internacional e das resoluções da ONU

Jade Nunes - 16/04/2018 09h07 | atualizado em 16/04/2018 09h13

O presidente da França, Emmanuel Macron Foto: EFE/Charles Platiau

O presidente da França, Emmanuel Macron, assegurou neste domingo (15) que o bombardeio na madrugada de sábado (14) sobre supostas instalações químicas na Síria não representa uma declaração de guerra ao regime do presidente Bashar al-Assad, mas uma defesa do direito internacional e das resoluções da ONU.

Em entrevista de mais de duas horas e meia no horário de maior audiência da televisão francesa, Macron defendeu a legitimidade dos bombardeios seletivos e argumentou que a operação era “indispensável para recuperar a credibilidade da comunidade internacional”.

A ofensiva pretendia “intervir de forma legítima no marco multilateral” e não fazer uma declaração de guerra à Síria, declarou Macron em entrevista à emissora BFMTV, na qual diferenciou os bombardeios conjuntos com Estados Unidos e Reino Unido contra a Síria das campanhas bélicas na Líbia e no Iraque.

– Tivemos êxito no plano militar: todos os mísseis lançados atingiram seus alvos, as capacidades químicas do regime sírio foram destruídas e não houve nenhuma vítima colateral. Atuamos para que não se viole mais o direito internacional, assim como as resoluções da ONU – disse Macron, lembrando ainda que em setembro de 2013 o Conselho de Segurança aprovou uma resolução que autorizava o uso da força em caso de uso de armas químicas na Síria.

Para o presidente francês, após o último ataque supostamente com cloro em Duma, no dia 7 de abril, “tínhamos chegado a um momento no qual o bombardeio era indispensável para poder devolver a credibilidade à palavra da comunidade internacional”.

Em determinado momento da conversa marcada por uma forte tensão, Macron interpelou seus dois entrevistadores:

– Vocês ouviram que declaramos guerra a Bashar al Assad? Não. Essa é a diferença a respeito do que se fez na Líbia ou no Iraque.

Para Macron, a ofensiva contra três supostas instalações químicas permitiu também aos países ocidentais “recuperar a credibilidade perante os russos”, a quem culpou de serem “cúmplices” no fracasso da comunidade internacional em evitar o uso desse tipo de armamento na Síria.

– Os russos bloquearam constantemente as votações (no Conselho de Segurança). São cúmplices. Não utilizaram o cloro, mas construíram metodicamente a incapacidade da diplomacia internacional – criticou o líder francês.

Encerrada por enquanto a fase militar, o presidente da França ressaltou a importância de dar um novo impulso aos esforços diplomáticos para encontrar uma solução política negociada à guerra síria.

Segundo Macron, o único compromisso militar que a França tem na Síria é a luta contra o grupo terrorista Estado Islâmico, que está por trás dos principais atentados que o país sofreu nos últimos anos.

Nesse sentido, afirmou orgulhoso ter convencido o presidente americano, Donald Trump, de manter sua presença militar na Síria, apesar de este ter anunciado sua intenção de retirar suas tropas.

Macron defendeu que o papel da França na crise síria é “poder falar com todo o mundo”, razão pela qual disse que tentará convencer Rússia e Turquia a participar de conversas que alcancem uma solução política pactuada.

A entrevista de domingo representou a primeira aparição pública do presidente francês depois dos bombardeios, sua primeira ordem dessa envergadura no terreno militar desde que ganhou as eleições presidenciais há um ano.

O parlamento francês realizará nesta segunda-feira (16) um debate, em uma sessão sem votação, para abordar o bombardeio no qual participaram as forças armadas francesas.

Boa parte da oposição, desde a esquerda radical de Jean-Luc Mélenchon à extrema-direita de Marine Le Pen, passando pelo líder dos conservadores, Laurent Wauquiez, tem se manifestado publicamente contra a intervenção francesa e acusado Macron de atuar sob as ordens dos Estados Unidos.

*Com informações da Agência EFE

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