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Pleno.News - 01/09/2021 14h22 | atualizado em 01/09/2021 14h36

Biden e Talibã
Afeganistão vive o primeiro dia sem as forças estrangeiras no território Foto: EFE/EPA /Michael Reynolds e EFE/EPA/STRINGER

Um dia depois de os últimos militares americanos deixarem o Afeganistão, o Talibã, de volta ao comando do país desde o dia 15 de agosto, defendeu o estabelecimento de laços amistosos com os EUA, diante dos desafios de governar um país que, nas últimas semanas, perdeu várias fontes de recursos internacionais.

– O Emirado Islâmico [do Afeganistão] quer uma relação boa e diplomática com os americanos – afirmou o principal porta-voz do Talibã, Zabihullah Mujahid, em uma entrevista coletiva na pista do Aeroporto Internacional Hamid Karzai, agora sob controle da milícia.

O local foi escolhido para marcar o que o grupo chama de “vitória sobre as forças internacionais” que derrubaram seu primeiro governo, há 20 anos.

– Nós deixamos claro a todos os invasores que quem olhar para o Afeganistão com maldade nos olhos sofrerá o mesmo destino que os americanos enfrentaram. Jamais nos rendemos diante de pressão ou da força, e nossa nação sempre buscou a liberdade – declarou Mujahid, ao lado de milicianos com as bandeiras brancas do Talibã.

Apesar do discurso de vitória das lideranças talibãs no aeroporto, o grupo sabe que agora começa talvez a mais difícil parte da ofensiva que, em questão de semanas, levou-o novamente ao comando do país. A começar pela formação de um governo, devem ocorrer nos próximos dias, segundo Muhajid, medidas para retomar a economia e o estabelecimento de segurança em todo o território, além da definição sobre o futuro do aeroporto de Cabul.

SITUAÇÃO NO PAÍS
Nesta quarta-feira (1º), primeiro dia sem as forças estrangeiras em solo afegão, Cabul dava sinais de retorno à normalidade. Lojas e restaurantes estavam abertos e com clientes, assim como mercados de rua. Os tradicionais congestionamentos voltaram a ser vistos em ruas e avenidas da capital de seis milhões de habitantes, sob os olhares de combatentes talibãs armados e usando trajes militares deixados para trás pelos americanos.

Contudo, alguns aspectos do cotidiano ainda parecem distantes de qualquer retomada. Mesmo com a reabertura dos bancos, muitos não conseguem obter dinheiro em espécie para comprar itens básicos, como medicamentos e comida, cujos preços dispararam quase 50% nos últimos dias.

Outro tema que preocupa os afegãos é uma possível perseguição a todos que trabalharam para o antigo governo ou para as forças estrangeiras. São comuns os relatos de pessoas procuradas em suas casas e de execuções sumárias, em especial nas regiões fora da capital.

As denúncias contradizem o discurso de moderação adotado pelo Talibã desde sua volta ao poder, que inclui uma sociedade “integrada” e a permissão para que mulheres possam trabalhar fora e estudar, algo vetado durante o primeiro regime do grupo, entre 1996 e 2001. Por enquanto, a maior parte das nações, incluindo os EUA, prefere esperar e julgar o Talibã pelos seus atos futuros.

Por trás da retórica moderada, há um objetivo claro: obter reconhecimento internacional e ajudar a liberar linhas internacionais de crédito – uma delas, do Fundo Monetário Internacional, previa o envio de 500 milhões de dólares (o equivalente a R$ 2,58 bilhões), pouco antes de ser cortada, na semana passada. Os EUA também bloquearam o acesso às reservas do Banco Central afegão no exterior, estimadas em 9,4 bilhões de dólares (equivalente a R$ 48,63 bilhões). (Com agências internacionais)

*AE

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