Rússia vê interesses políticos na negativa da Anvisa à Sputnik
Conta oficial da vacina russa disse que decisão "nada tem a ver com acesso à informação ou ciência"
Pleno.News - 27/04/2021 17h09 | atualizado em 27/04/2021 17h58
Os criadores da Sputnik V veem um “pano de fundo político” na decisão da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) de proibir a importação da vacina fabricada pela Rússia contra a Covid-19.
– Os atrasos da Anvisa na aprovação da Sputnik V são, infelizmente, de natureza política e não têm nada a ver com acesso à informação ou ciência – disse nesta terça-feira (27) a conta oficial da vacina russa no Twitter.
Os russos lembram que, no relatório anual do Departamento de Saúde dos Estados Unidos, um alto funcionário admitiu que “convenceu o Brasil a desistir da vacina russa contra a Covid-19”.
Ontem, a Anvisa negou a autorização emergencial para a importação da vacina russa, tendo em vista que o pedido para seu uso carece da documentação que era exigida a outros fabricantes.
O diretor-presidente da Anvisa, Antonio Barra Torres, indicou que a fabricante russa não entregou o “laudo técnico completo” do imunizador e também foi impedida uma visita técnica dos brasileiros às instalações do Instituto Gamaleya.
No Brasil, que já vacinou 29 milhões de pessoas com pelo menos a primeira dose, a vacina CoronaVac, do laboratório chinês Sinovac, foi aplicada em caráter emergencial, e a Covishield, de AstraZeneca/Universidade de Oxford, está definitivamente credenciada para seu uso.
O uso definitivo da vacina fabricada pelas farmacêuticas Pfizer/BioNTech também está aprovado no Brasil, enquanto a vacina da Janssen também está liberada para uso emergencial.
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, garantiu hoje que, “se não houver dados suficientes, eles serão fornecidos, sem dúvidas”.
Ao mesmo tempo ele defendeu a Sputnik V, afirmando que já há informações suficientes sobre a eficácia da vacina russa, que é de 97,6%, de acordo com os dados recolhidos pelos desenvolvedores com base na taxa de infecção registrada nos vacinados na Rússia com ambos os componentes entre 5 de dezembro de 2020 e 31 de março de 2021.
– A experiência já é muito extensa. Muitos dados foram coletados que indicam que é a vacina mais eficaz do mundo e a mais confiável – disse.
Em janeiro, o presidente do Fundo Russo de Investimentos Diretos (FIDR) anunciou que forneceria ao Brasil 150 milhões de doses da Sputnik V em 2021.
O acordo foi firmado na capital russa entre o FIDR e o presidente da farmacêutica União Química, Fernando de Castro Marques, que pretendia pedir autorização para uso emergencial da Sputnik V entre sua população.
Na semana passada, a Argentina se tornou o primeiro país da América Latina a produzir a Sputnik V por meio do Laboratório Richmond, que espera fabricar 500 milhões de doses em 2022 para exportação aos países da região.
*EFE