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Rússia acusa EUA e Otan de participação direta na guerra

Chanceler do país diz que organização não apenas fornece armas, mas treina soldados

Thamirys Andrade - 02/12/2022 12h31 | atualizado em 02/12/2022 13h43

Ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov Foto: EFE/EPA/CHRISTIAN BRUNA

O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Serguei Lavrov, acusou os Estados Unidos e seus aliados da Otan de se envolverem diretamente na guerra na Ucrânia ao fornecer armamentos e treinar soldados do país do Leste Europeu.

– Você não deveria dizer que os EUA e a Otan não estão participando desta guerra. Você está participando diretamente disso. E não apenas fornecendo armas, mas também treinando pessoal. Está treinando os militares [ucranianos] em seu território, nos territórios do Reino Unido, Alemanha, Itália e outros países – disse Lavrov.

A declaração ocorreu em entrevista a repórteres ocidentais durante uma coletiva de imprensa virtual na quinta-feira (1°).

De acordo com o chanceler russo, Moscou está aberta a negociações sobre o fim do conflito, mas não fez nenhum pedido nesse sentido.

– Nunca pedimos conversas, mas sempre dissemos que estamos prontos para ouvir aqueles que estão interessados em um acordo negociado – disse ele.

Questionado se uma reunião entre o presidente russo, Vladimir Putin, e o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, era possível, também nesta quinta, Biden afirmou que poderia conversar com Putin após consultar a Otan, se o russo estivesse disposto a negociar a paz.

Lavrov respondeu apenas que a Rússia não evita contatos, mas acrescentou: “ainda não ouvimos nenhuma ideia séria”.

Durante a coletiva de imprensa online, Lavrov protestou contra os EUA e seus aliados da Otan, acusando-os de atropelarem o direito internacional ao tentar isolar e destruir a Rússia. Ele afirmou que Washington tentou desencorajar outros países, incluindo a Índia, de manter laços estreitos com Moscou, mas disse que essas tentativas falharam.

Comentando sobre a decisão da Rússia de adiar uma rodada de negociações de controle de armas nucleares com os americanos, marcada para esta semana, Lavrov afirmou que “é impossível discutir estabilidade estratégica hoje em dia ignorando tudo o que está acontecendo na Ucrânia”.

– O objetivo foi anunciado para derrotar a Rússia no campo de batalha ou mesmo destruir a Rússia. Como pode o objetivo de derrotar a Rússia não ter significado para a estabilidade estratégica, considerando que eles querem destruir um ator-chave da estabilidade estratégica? – acrescentou.

ESTRATÉGIA NA UCRÂNIA
O ministro russo também comentou sobre a frente de batalha na Ucrânia e defendeu a estratégia militar de bombardear com mísseis instalações de energia e outras infraestruturas críticas do país vizinho. Segundo Lavrov, os ataques visam enfraquecer o potencial militar ucraniano e inviabilizar os carregamentos de armas ocidentais.

– A infraestrutura visada por esses ataques é usada para garantir o potencial de combate das forças armadas ucranianas e dos batalhões nacionalistas – disse Lavrov, acrescentando que eliminar as instalações de energia diminui a capacidade do país “matar russos”.

A Ucrânia e o Ocidente acusam os bombardeios coordenados pelo Kremlin de visar infraestruturas civis, com o objetivo de causar sofrimento ao povo ucraniano durante o inverno e forçar o governo de Kiev a negociações de paz nos termos de Moscou.

A cidade de Kherson, no sul da Ucrânia, que as forças da Rússia tomaram nos primeiros dias do conflito e se retiraram no mês passado, está entre os locais visados. Um bombardeio russo nesta quinta cortou a energia na cidade recém-libertada poucos dias depois de ela ter sido restaurada.

Semanas antes da retirada permitir que as forças ucranianas recuperassem Kherson, a Rússia declarou toda a região como parte de seu território, juntamente com outras três regiões, após os referendos chamados às pressas e apontados como farsas na Ucrânia e o Ocidente.

Questionado sobre como os ataques à infraestrutura em Kherson e outras áreas cumprem o objetivo declarado de Moscou de proteger a população de língua russa da Ucrânia, Lavrov respondeu traçando paralelos com a Batalha de Stalingrado durante a Segunda Guerra.

– A cidade de Stalingrado também fazia parte do nosso território e derrotamos os alemães para fazê-los fugir – disse ele.

*AE com AP

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