Ana Luiza Menezes - 16/11/2018 17h11

A Câmara Municipal de Roma enfeitará a praça Veneza com uma grande árvore de Natal patrocinada pela Netflix. A iniciativa, porém, contrasta com a luta do governo da Itália contra algumas práticas das plataformas digitais.

No ano passado, a Câmara recebeu várias críticas por ter colocado uma árvore também na praça, em frente ao monumento em homenagem a Vittorio Emanuele II, conhecido como Altar da Pátria. O mau estado do pinheiro, com uma aparência frágil e sem folhas, fez com que fosse chamado de “Spelacchio”, algo como “pelado” ou “esfolado”.

Neste ano, a prefeitura tentou evitar outra polêmica, e por isso optou por colocar um grande abeto, de cerca de 20 metros de altura, patrocinado pela Netflix. A árvore de Natal será iluminada com 60 mil luzes led de baixo consumo energético e com tonalidades quentes, adornada com 500 bolas prateadas e vermelhas, e custará 376,1 mil euros, valor que será arcado pelo patrocinador.

A decoração terá luzes 24 horas por dia e, além disso, em um local próximo haverá uma área onde os cidadãos e turistas poderão tirar fotos com a árvore e o Altar da Pátria ao fundo. A Câmara Municipal de Roma é dirigida por Virgínia Raggi, membro do Movimento Cinco Estrelas (M5S), desde junho de 2016.

A decisão de ter a Netflix como patrocinadora contrasta com as ações tomadas pelo governo italiano, liderado pelo M5S e o partido ultradireitista Liga Norte, para regular a estreia de filmes neste tipo de plataformas. O ministro de Cultura do país, Alberto Bonisoli, anunciou na quarta-feira um decreto-lei que obrigará que os filmes estreiem primeiro nas salas de cinema para posteriormente serem vistos nas plataformas digitais.

Com a medida, autoridades do país querem ordenar as estreias após as últimas polêmicas entre os gerentes de redes de cinema e plataformas como a própria Netflix, que ficaram em evidência nos festivais de Veneza, na Itália, e de Cannes, na França.

Durante a última edição da Mostra de Veneza, os gestores de cinemas italianos criticaram o fato de que seis filmes incluídos neste festival e produzidos pela Netflix estrearam simultaneamente na grande tela e na internet. Além disso, a Netflix decidiu não exibir seus filmes no último Festival de Cannes, depois que os organizadores incluíram a obrigação de os longas em concurso estrearem nos cinemas franceses antes de serem exibidos na televisão.

*Com informações da Agência EFE

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