Pleno.News - 05/11/2020 16h20 | atualizado em 05/11/2020 16h32

Um professor de Roterdã, na Holanda, se refugiou após ter recebido ameaças e acusações de blasfêmia de vários alunos por mostrar em sala de aula uma charge de um homem com a garganta cortada e uma camiseta da revista francesa “Charlie Hebdo” enfiando a língua no jihadista que o havia decapitado.

A Emmauscollege confirmou que o professor está abrigado em um lugar seguro, após iniciar uma discussão em classe sobre o desenho “Inmortal”, do cartunista holandês Joep Bertrams, que estava pendurado em um quadro de sala de aula há cinco anos, juntamente com fotos do líder espiritual indiano Jiddu Krishnamurti e da ativista paquistanesa Malala Yousafzai.

O governo holandês pediu para escolas participarem, na última segunda-feira (2), das homenagens ao professor francês assassinado Samuel Paty. Na escola em Roterdã, a honraria começou com um minuto de silêncio, com a bandeira a meio mastro, e depois houve um discurso do diretor. Na sequência, alguns professores optaram por abrir um debate sobre as charges.

Alertadas de que havia “uma charge do profeta” na sala de aula do professor ameaçado, várias alunas entraram no local e exigiram que ele retirasse o desenho, acusando-o de blasfêmia.

O professor tentou, sem sucesso, explicar que a imagem representava um jihadista, na forma de uma crítica ao ataque de 2015 contra a Charlie Hebdo e que não havia desenhado Maomé.

Os professores concordaram em retirar a caricatura após as tensões com os alunos. Porém, uma imagem da diretoria começou a circular nas redes sociais com o título “uma charge de nosso profeta”, o que atraiu insultos e ameaças contra o professor. “Se isso não for removido imediatamente, faremos as coisas de maneira diferente”, escreve uma conta anônima no Facebook.

Segundo a polícia e o Ministério Público holandês, está em andamento uma investigação para encontrar os autores de várias ameaças online contra o professor, mas ninguém ainda foi preso.

Vários professores relataram no jornal holandês NRC que não se sentem mais seguros para ir à escola por causa do que aconteceu com os seus colegas.

*Com informações da agência EFE

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