Inflação: Venezuela completa 1 ano sem dizer números oficiais
Professor universitário fez alerta
Pleno.News - 02/11/2025 10h02 | atualizado em 06/11/2025 16h05

A Venezuela completou, neste sábado (1º), um ano sem números oficiais e atualizados sobre a inflação – que foi de 4% em outubro de 2024 -, o que faz com que “todos ajam às cegas” em relação ao seu planejamento financeiro e deixa os venezuelanos “desorientados” sobre o rumo da economia, disse à Agência EFE o professor universitário Jesús Palacios.
Sem números recentes sobre a inflação divulgados pelo Banco Central da Venezuela (BCV), é “difícil negociar aumentos salariais”, alertou Palacios. Portanto, as empresas não têm referências para planejar toda a sua estratégia financeira.
Na Venezuela, o salário mínimo e as pensões são de 130 bolívares, a moeda nacional, cerca de 0,60 dólares (R$ 3,22) por mês, de acordo com a taxa de câmbio mais recente do BCV. Os funcionários públicos recebem bônus do governo de até 160 dólares (R$ 860,18), mas isso não afeta seus benefícios trabalhistas, por isso vários sindicatos reivindicam um salário digno.
INFLAÇÃO EM DÓLARES
Durante a hiperinflação de 2017 e 2021, a Venezuela adotou de fato o uso do dólar, e essa moeda se tornou a principal referência para a fixação de preços em todo o país. Outras moedas também são utilizadas — como o euro e, em menor escala, o peso colombiano — contra a inflação e a desconfiança no bolívar.
No entanto, os preços em dólares aumentam na Venezuela e as pessoas se referem a esse fato como “inflação em dólares”.
Sobre isso, Palacios, que é economista de profissão, comentou que “os preços em dólares têm aumentado em comparação com anos anteriores” e isso “tem sido um fenômeno desde 2018, que foi muito acentuado até 2023, principalmente”.
Durante esses anos, “houve aumentos que levaram os preços a multiplicarem-se por cinco ou seis vezes o seu valor (em dólares) no final de 2018”, acrescentou o economista.
– Estamos falando de uma inflação em dólares acima de 20% nos últimos 12 meses – precisou Palacios com base em estimativas independentes.
AJUSTE EXCESSIVO
Palacios explicou que os baixos salários, a “inflação em dólares” e a ausência de números inflacionários geram uma “falta de clareza e coordenação entre os agentes econômicos (indivíduos, famílias, empresas, etc.)”.
Ele acrescentou ainda que a soma das variáveis mencionadas favorece uma “perda de poder de compra dos consumidores”, bem como uma “redução das margens [de lucro] nos negócios ou uma queda nas vendas por ajustes excessivos” dos preços.
– Para as empresas, os comércios, para o produtor, é muito complexo calcular preços sem estimativas de inflação, assim como negociar com fornecedores. Isso tira uma medida de referência – destacou o professor.
O BCV não publica números sobre a inflação desde novembro de 2024, quando divulgou os dados referentes a outubro. Isso coincidiu com o aumento da diferença cambial entre o preço do dólar fixado pelo órgão emissor e o do mercado paralelo – muito acima do oficial -, uma situação que, segundo economistas, permanece até hoje devido à escassa disponibilidade de moeda estrangeira na Venezuela.
Enquanto isso, o governo garantiu, em julho deste ano, que a Venezuela está há mais de 17 trimestres consecutivos em crescimento econômico, embora não tenha divulgado números sobre a inflação.
*EFE
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