UE quer diretrizes do Mercosul após chegada de Bolsonaro
Presidente trouxe novas questões sobre o futuro de negociações
Jade Nunes - 11/01/2019 15h01

A União Europeia (UE) está à espera de que o Mercosul realize os “ajustes necessários” após a chegada de Jair Bolsonaro à presidência e esclareça quais serão as implicações do novo governo brasileiro na negociação do acordo comercial entre os blocos.
– Há um novo presidente e um novo governo desde o início do ano e acreditamos que estas semanas são úteis para obter os necessários ajustes e esclarecimentos por parte do Mercosul sobre o que isto implica – declarou um porta-voz da Comissão Europeia, instituição que negocia o acordo em nome da UE.
Por outro lado, o porta-voz se recusou a especular sobre qual poderia ser o impacto do governo de Bolsonaro nas negociações entre a UE e o bloco formado por Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai.
A Comissão Europeia, segundo reiterou o porta-voz, está comprometida com a realização de um acordo “ambicioso, amplo e equilibrado” e “não poupará esforços”, mas o pacto só será fechado “quando surgirem as condições” para isso.
Quanto à data para as próximas reuniões, o porta-voz comunitário ressaltou que o Mercosul deve primeiro “implementar os ajustes para refletir estas mudanças (de governo no Brasil) e proporcionar os esclarecimentos necessários”.
O porta-voz afirmou ainda que durante a última rodada negociadora, realizada em dezembro no Uruguai, “foram feitos alguns esclarecimentos adicionais úteis”, mas que continua sendo necessário mais trabalho em nível técnico, “sobretudo em temas pendentes para a UE”.
A chegada de Bolsonaro à presidência trouxe novas questões sobre o futuro de negociações que estão em andamento há quase duas décadas, em particular pela sua oposição pessoal às políticas ambientais.
Nesse sentido, o presidente da França, Emmanuel Macron, já advertiu em novembro que o Mercosul teria que considerar o impacto do governo de Bolsonaro sobre as negociações e que seu país não é favorável a assinar acordos comerciais com nações que não respeitam o Acordo do Clima de Paris.
Por sua parte, Bolsonaro advertiu que usará a “prudência” antes que o país assine qualquer acordo comercial com outras nações.
Além disso, o novo ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, sugeriu que sejam estabelecidos novos métodos negociadores e advertiu que o Brasil negociará a partir de agora “de uma posição de força”, aproveitando sobretudo seu poder como produtor de alimentos.
*Com informações da Agência EFE
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