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Putin e Xi Jinping desafiam EUA e prometem pacto ‘sem limites’

Chefes de Estado encontraram-se em Pequim

Monique Mello - 05/02/2022 11h39 | atualizado em 05/02/2022 12h12

O presidente russo Vladimir Putin e o presidente chinês Xi Jinping encontraram-se em Pequim Foto: EFE/EPA/ALEXEI DRUZHININ / KREMLIN / SPUTNIK / POOL

Em um claro desafio aos EUA, a China se juntou nesta sexta-feira (4), à Rússia contra a expansão da Otan, um passo significativo no apoio a Moscou dado pelo próprio presidente chinês, Xi Jinping, que se reuniu com o russo Vladimir Putin antes da abertura dos Jogos de Inverno, em Pequim.

No encontro, os dois se comprometeram com uma “aliança sem limites” e concordaram em aprofundar a cooperação nas áreas de segurança, política e econômica.

Chineses e russos sempre tiveram uma relação conturbada. Depois de uma aproximação entre Mao Tsé-tung e Josef Stalin, nos primeiros anos após a revolução comunista na China, os dois países foram se afastando, principalmente a partir das reformas adotadas por Nikita Kruchev, sucessor de Stalin na União Soviética, em 1956.

APROXIMAÇÃO
Mao temia que a abertura chegasse à China e se ressentiu quando Moscou se aliou à Índia, rival de Pequim, durante a Guerra Fria. Os dois países chegaram a ensaiar uma guerra, em 1969, rapidamente contida. A relação chegou ao ponto mais baixo quando os EUA, governados por Richard Nixon, se aproximaram da China comunista, nos anos 70.

Agora, os interesses de Rússia e China parecem convergir em muitos aspectos. Xi acusa os EUA de incentivarem protestos em Hong Kong, a independência de Taiwan e interferirem em assuntos internos, como no tratamento dado à minoria uigur na província chinesa de Xinjiang. Já Putin diz que os americanos desempenham um papel desestabilizador semelhante na Ucrânia e reclama do avanço da Otan na direção de suas fronteiras.

Isso explica o teor do comunicado conjunto apresentado nesta sexta-feira (4).

– Os lados (China e Rússia) se opõem à ampliação da Otan e pedem à aliança que abandone sua abordagem ideologizada da Guerra Fria. Rússia e China se opõem às tentativas de forças externas de minar a segurança e a estabilidade em suas regiões adjacentes comuns – declararam os dois países.

– Embora a China já houvesse sinalizado apoio à Rússia nos últimos dias, a declaração conjunta de ontem foi muito além. É a primeira vez que Pequim se opõe explicitamente à expansão da Otan – disse Alexander Gabuev, analista do Carnegie Moscow Center.

Vladimir Putin e Xi Jinping encontraram-se em Pequim Foto: EFE/EPA/MIKHAIL KLIMENTYEV / KREMLIN / SPUTNIK / POOL

– A declaração conjunta cria uma entente sino-russa para resistir à pressão dos EUA sobre Rússia e China na Europa, na Ásia e globalmente. É uma evolução importante do relacionamento entre os dois países – escreveu Dmitri Trenin, diretor do Carnegie Moscow Center, no Twitter.

O apoio da China a Putin pode minar a estratégia americana de isolar a Rússia com sanções. Vários acordos foram assinados ontem, incluindo um contrato para fornecimento de 100 milhões de toneladas de petróleo para a China nos próximos dez anos e outro para enviar 10 bilhões de metros cúbicos de gás natural russo para os chineses nos próximos 25 anos.

Vladimir Putin participa da Cerimônia de Abertura dos Jogos Olímpicos de Pequim 2022 Foto: EFE/EPA/MIKHAIL KLIMENTYEV / KREMLIN / SPUTNIK / POOL

CAUTELA
Apesar da demonstração de união, Putin e Xi cuidadosamente evitaram áreas onde seus interesses não estão alinhados. A declaração não fez menção à Ucrânia, ao Mar do Sul da China ou à fronteira chinesa com a Índia.

A Ucrânia é uma questão delicada para Xi, porque a integridade territorial é um dos pilares da política externa da China. Para a Rússia, apoiar as reivindicações chinesas no Mar do Sul da China colocaria em risco os laços de Moscou com aliados asiáticos, como o Vietnã. E a disputa da China com a Índia é problemática porque Putin também busca fortalecer suas relações com Nova Délhi.

*AE

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