Partido denuncia “fraude eleitoral” na Nicarágua
Denúncia aponta anomalias supostamente realizadas pelo partido do presidente Daniel Ortega
Pleno.News - 09/11/2021 21h59 | atualizado em 10/11/2021 10h31
O partido Caminho Cristão Nicaraguense (CCN), um dos que disputaram as eleições gerais de domingo na Nicarágua, denunciou uma suposta fraude eleitoral a favor da Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN), legenda do presidente do país, Daniel Ortega, que se reelegeu.
Segundo o CCN, as autoridades eleitorais do país centro-americano falsificaram o número de eleitores participantes. O partido alega que a real participação nas urnas foi de 25% dos cidadãos aptos a votar.
Curiosamente, o CCN, cujo candidato à Presidência era o reverendo Guillermo Osorno, deputado do Parlamento Centro-Americano (Parlacen), isentou Ortega de culpa na suposta fraude. O presidente nicaraguense ganhou seu quinto mandato presidencial e quarto consecutivo.
As eleições foram marcadas pelo baixo número de candidatos de oposição, já que a maioria deles foi presa meses antes do pleito.
Na denúncia, o CCN alegou anomalias supostamente realizadas pelos sandinistas, as quais resultaram em uma suposta alteração do número de eleitores e de votos a favor da FSLN.
Osorno afirmou que as anomalias não alteraram a vitória de Ortega, que venceu com 75,92% dos votos, mas a eleição dos 90 deputados para a Assembleia Nacional.
De acordo com o relatório do Conselho Superior Eleitoral, a FSLN ganhou 75 dos 90 assentos em disputa, enquanto a CCN conseguiu um.
O reverendo argumentou que a baixa popularidade da FSLN e a ânsia dos sandinistas de se enraizar com Ortega pode tê-los levado a alterar os dados, usando estratégias diferentes.
– Muitas pessoas querem se dar bem com o presidente, com a vice-presidente [Rosario Murillo, que também é esposa de Ortega]. O bem que quiseram fazer a si mesmas está fazendo muito mal. Todos sabem que a FSLN não tem a simpatia que sempre teve […] a FSLN está perdendo seu próprio povo – disse.
Por meio de quatro de seus fiscais eleitorais, a CCN explicou que os sandinistas, sob ordens de pessoas não credenciadas pelas autoridades eleitorais, supostamente impediram a presença de observadores de outros partidos nos postos de votação, marcaram cédulas vazias, anularam votos contrários e alteraram os registros de votação.
Uma segunda observadora relatou que, em um posto eleitoral, a folha de totalização, que resume os votos na urna, foi entregue no momento em que o processo de votação estava começando e que fiscais mulheres foram impedidas de entrar e até mesmo “ameaçadas de serem estupradas”.
ABSTENCIONISMO
O deputado do Parlacen, que foi aliado dos sandinistas nas eleições de 2011 e 2016, alegou que, no máximo, 25% dos eleitores de fato foram às urnas.
– Talvez um milhão ou um pouco menos (de eleitores, do total de 4,4 milhões). O “não voto” é que ganhou aqui – disse.
Osorno pediu a Ortega que anule as eleições de domingo (7) e realize eleições confiáveis em novembro de 2022, para que os nicaraguenses possam eleger o presidente no mesmo dia em que votarem para prefeito.
*EFE
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