Morales se asila na Argentina e retoma discurso de esquerda
Ex-presidente estava se abrigando no México
Gabriela Doria - 12/12/2019 14h22
O ex-presidente da Bolívia, Evo Morales, chegou na manhã desta quinta-feria (12) a Buenos Aires e ficará no país na condição de asilado, segundo confirmou o chanceler argentino, Felipe Solá.
Evo chegou num voo que deixou Cuba na noite anterior, e está realizando os trâmites burocráticos no Ministério do Interior.
– Evo Morales, seu vice, Álvaro García Linera, o ex-chanceler e uma ex-ministra, vieram com ele. Evo está muito agradecido, ele nos disse que se sente melhor aqui que no México – declarou Solá a meios argentinos.
Nas redes sociais, Evo agradeceu o asilo de México e Argentina e disse que seguirá lutando por uma “pátria grande”.
– Há um mês cheguei ao México, país irmão que nos salvou a vida. Estava triste e destroçado. Agora cheguei à Argentina, para seguir lutando pelos mais humildes e para unir a #PátriaGrande, estou forte e animado. Agradeço ao México e à Argentina por todo seu apoio e solidariedade – postou em uma rede social.
Evo já havia demonstrado intenção de vir à Argentina, país onde estão também seus dois filhos, para estar mais próximo da Bolívia e atuar, a partir do país, na liderança de seu partido, o MAS (Movimento ao Socialismo), segundo contou em uma entrevista a um programa de TV argentino, quando ainda estava no México.
Nessa ocasião, Evo disse que queria estar perto do país durante o processo eleitoral que deve ocorrer entre março e abril, segundo relatou à reportagem a chanceler Karen Longaric.
Na Argentina, há uma comunidade de mais de 600 mil bolivianos registrados e, de maneira informal, estima-se que esta população chegue a um milhão. As filas para votar em dia de eleição boliviana, na embaixada deste país, são sempre muito grandes.
O trajeto desde o México até Cuba foi realizado num avião venezuelano. Ainda não foi revelado qual aeronave Evo teria usado para chegar a Buenos Aires desde a ilha caribenha.
Evo tinha deixado o México com a justificativa de que iria fazer exames médicos em Cuba. O fato de o governo argentino ter mudado na terça-feira (10) o liberou para poder vir.
A nova administração da Argentina não reconhece o governo de Jeanine Áñez e ela não foi convidada para a posse de Fernández.
– Para nós, na Bolívia há uma ditadura neste momento, houve rompimento da institucionalidade – disse o novo presidente.
*Folhapress
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