Juiz ordena que Casa Branca devolva credencial de repórter
Jornalista da CNN ficou proibido de trabalhar no local após discussão com Trump
Jade Nunes - 16/11/2018 15h39

O juiz federal Timothy J. Kelly ordenou nesta sexta-feira (16) à Casa Branca que devolva o credenciamento ao jornalista Jim Acosta, da CNN, que foi proibido de trabalhar no local após discutir com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, durante uma entrevista coletiva.
O magistrado considerou que a Casa Branca não agiu de acordo com as normas para retirar a credencial de Acosta. A decisão, porém, é temporária, já que o veto pode ser efetivado caso o governo cumpra o processo correto.
– O juiz (Timothy Kelly) ficou ao lado da CNN e disse que a Casa Branca estava equivocada ao retirar o credenciamento de Jim Acosta – informou a própria emissora, que tenta agora convencer a justiça americana de que a proibição é inconstitucional, para que a decisão judicial se torne permanente.

O episódio que gerou a polêmica medida aconteceu na semana passada. Durante uma entrevista coletiva, o jornalista questionou Trump se havia “demonizado” imigrantes ilegais durante a campanha para as eleições legislativas.
– Largue o microfone. Te direi uma coisa, a CNN deveria estar envergonhada de si mesma por ter você trabalhando para ela. Você é rude e horrível – disse Trump, que pediu a uma estagiária para tirar o microfone de Acosta e passá-lo a outro repórter. Mas o jornalista a impediu, mantendo-o em sua mão direita enquanto usava o braço esquerdo para bloqueá-la, e houve um rápido contato.
Em comunicado divulgado pela porta-voz, Sarah Sanders, a Casa Branca justificou a retirada da credencial com base no episódio.
– Trump acredita na liberdade de imprensa e espera perguntas difíceis sobre ele e o seu governo. No entanto, nunca toleraremos que um jornalista ponha as mãos sobre uma jovem mulher que só está tentando fazer o seu trabalho como estagiária da Casa Branca. Este comportamento é inaceitável – diz a nota.
Mais tarde, enquanto Acosta deixava a residência presidencial, um membro do Serviço Secreto pediu que ele entregasse sua credencial, como pôde ser visto em um vídeo divulgado pelo próprio jornalista no Twitter.
Na terça-feira, a CNN apresentou uma ação em um tribunal do Distrito de Columbia contra Trump e cinco membros de sua equipe por retirar a credencial permanente de Acosta e acusou o governo de ter violado a primeira e a quinta emendas da Constituição, que defendem o direito à liberdade de expressão e a não considerar alguém como culpado sem julgamento prévio, respectivamente.
Mais de dez veículos de imprensa, incluindo a Fox News, rede de televisão que costuma apoiar as políticas de Trump, manifestaram apoio à CNN neste caso.
*Com informações da Agência EFE
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