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Governo chinês prende jurista crítico do Partido Comunista

Xu Zhangran é autor de diversos artigos em oposição ao comando do país asiático

Paulo Moura - 06/07/2020 15h02 | atualizado em 06/07/2020 15h03

Presidente da China, Xi Jinping Foto: Reprodução

O governo chinês prendeu nesta segunda (6) um dos mais notórios críticos do regime comunista do país, o professor de direito Xu Zhangran. Oficialmente, segundo amigos disseram a agências de notícias, ele foi detido em sua casa em Pequim sob a acusação de ter contratado prostitutas durante uma viagem à cidade de Chengdu.

Para a empresária Geng Xiaonan, uma das amigas que confirmou a prisão, o motivo alegado é “ridículo”, uma fabricação típica de regimes autoritários para enquadrar dissidentes. Xu, que tem 57 anos, é reputado como um dos principais juristas da China. Ele é um dos raros acadêmicos do país que criticam abertamente o Partido Comunista em artigos, que são distribuídos na internet.

Isso já lhe valeu a proibição de fazer pesquisas e dar aulas na prestigiosa Universidade Tsinghua, em Pequim. Em 2018, Xu criticou o endurecimento da ditadura presidida por Xi Jinping sobre os meios intelectuais.

– Ele previu esse dia. Ele mantinha algumas roupas numa bolsa para quando o levassem embora – disse Geng.

Em fevereiro, ele publicou um texto afirmando que o governo chinês estava “podre” e que isso havia sido evidenciado pelas tentativas de acobertar a gravidade da epidemia inicial do novo coronavírus. A prisão de Xu eleva o clima de apreensão na China, uma semana depois que Pequim sancionou a nova lei de segurança nacional de Hong Kong.

A legislação dá amplos poderes para uma agência do governo central perseguir e processar pessoas envolvidas em atividades consideradas subversivas, secessionistas, terroristas ou em conluio com potências estrangeiras contra o domínio chinês.

Para ativistas pró-democracia, que desde o ano passado tomaram as ruas de Hong Kong, a lei representa o fim do regime conhecido como “um país, dois sistemas”, no qual a antiga colônia britânica mantinha um grau de autonomia política e o capitalismo desregulado que marca as transações locais.

Ele havia sido acertado em tratado com os britânicos como condição para a devolução de Hong Kong, em 1997, de deveria durar até 2047. Pequim afirma que a lei visa coibir a anarquia no território e que ela na realidade protege o status dual.

Também nesta segunda um juiz de Hong Kong negou estabelecimento de fiança para soltar um jovem de 23 anos preso na semana passada por protestar contra a nova lei. Tong Ying-kit jogou sua moto, enquanto transportava uma bandeira com o slogan “Liberte Hong Kong, a revolução dos nossos tempos”, sobre três policiais na quarta passada. Ele foi detido sob acusação de secessão e terrorismo.

Ao mesmo tempo, o Facebook e seus serviço de mensagens WhatsApp informaram que não irão mais fornecer dados de seus usuários para o governo de Hong Kong. A empresa diz que está avaliando o impacto da nova lei sobre os direitos humanos no território.

No Reino Unido, o primeiro-ministro Boris Johnson indicou que haverá retaliação econômica pela aplicação da nova lei. O país, disse, não pode “ser vulnerável a um vendedor estatal de alto risco”.

Ele se referia à Huawei, gigante chinesa que fornece infraestrutura para redes de telefonia. No começo do ano, Londres havia permitido a participação limitada da empresa no fornecimento da tecnologia 5G, a chamada internet das coisas, no país.

A decisão irritou o governo de Donald Trump nos EUA, que está em disputa aberta com Pequim e quer barrar a participação da Huawei em leilões mundo afora. Os americanos alegam que as redes da empresa são vulneráveis e podem servir a espionagem por parte de Pequim.

Agora, a crise em Hong Kong parece ter selado o destino da parceria com os britânicos. O embaixador chinês no Reino Unido, Liu Xiaoming, protestou contra a ameaça e afirma que Londres interfere na política interna de seu país quando promete dar cidadania a cerca de metade da população honconguesa.

A tensão entre China e Ocidente também se faz presente nas águas contestadas do mar do Sul da China. No fim de semana, os EUA despacharam dois grupos de porta-aviões para fazerem exercícios militares na área.

A China reclamou, já que sua Marinha está conduzindo treinos na mesma região. “Eles nos viram e nós os vimos”, disse o almirante James Kirk, comandante do grupo de ataque liderado pelo porta-aviões de propulsão nuclear USS Nimitz.

Não houve nenhum incidente até aqui, segundo Kirk disse. Exercícios dessa magnitude com as duas Marinhas são raros, e em 2018 quase houve um choque entre navios na região.

*Folhapress

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