Fernández tenta aprovar mais de 100 decretos antes de mudança no Congresso
Deputados da coalizão de oposição reagiram com indignação
Pleno.News - 16/11/2021 18h48 | atualizado em 17/11/2021 11h42

Enquanto a oposição argentina comemora a vitória nas eleições legislativas do domingo (14), nas quais foi a mais votada na maioria dos distritos do país, o governo do presidente Alberto Fernández tenta aprovar, até o fim da semana, 116 decretos urgentes na Câmara dos Deputados. A ideia, segundo o jornal La Nación, é aprovar os decretos na Comissão de Trâmite Legislativo, que, a partir do dia 10 de dezembro, poderá passar para o controle da oposição.
Os deputados da coalizão de oposição Juntos pela Mudança, à qual pertence o ex-presidente Mauricio Macri, reagiram com indignação.
– Novamente, o governo tenta uma tramitação express, sem escutar os setores e atores que serão afetados pelas normas, sem tempo para análises, debates e confronto de opiniões, e vão ditar uma agenda absolutamente alheia às prioridades dos argentinos – disseram líderes opositores ao La Nación.
Deputados e senadores da oposição acreditam que o governo queira usar o tempo que tem – até 10 de dezembro – antes de o Congresso mudar com o resultado das eleições de domingo. A partir desta data, o presidente Fernández enfrentará um Congresso com forte paridade entre o partido no poder e a principal oposição.
DERROTA ELEITORAL
A coalizão governista Frente de Todos (peronismo de centro-esquerda) teve uma recuperação em vários distritos, em comparação com o revés nas primárias de setembro, mas não foi o suficiente para manter uma maioria simples no Senado (37 de 72 senadores), ao perder seis dos 41 assentos que tinha.
– Milhões de argentinos em todo o país disseram chega e derrotaram a tristeza, a frustração, a dor, a raiva – afirmou María Eugenia Vidal, líder da lista eleitoral da Juntos pela Mudança, na cidade de Buenos Aires.
Vidal passará a ocupar um lugar no Congresso após governar a província que tem o mesmo nome da capital entre 2015 e 2019.
Por outro lado, o governo se manteve como a primeira minoria em ambas as câmaras, desafiando as aspirações do Juntos pela Mudança, que havia antecipado que reivindicaria a presidência na Câmara dos Deputados.
O governo terá 35 senadores, e o Juntos, 31, enquanto os outros seis correspondem a diferentes forças provinciais com as quais o governo deve buscar alianças.
A mãe de todas as batalhas nas urnas foi travada na província de Buenos Aires, maior distrito eleitoral do país e feudo peronista por excelência, onde 35 dos 127 novos membros da Câmara de Deputados serão definidos.
A lista de candidatos da Juntos pela Mudança para este distrito, liderada por Diego Santilli (PRO) e Facundo Manes (União Cívica Radical), recebeu o maior apoio, com 39,8% dos votos e uma pequena vantagem sobre a lista da Frente de Todos (38,5%), de acordo com os números correspondentes a 97,2% da apuração.
Estes resultados são muito mais apertados do que os obtidos nas primárias de setembro, quando as duas listas de Santilli e Manes receberam 37,9% dos votos, contra 33,6% da lista única da Frente de Todos.
– Temos que avançar em direção à produção, porque produção significa mais educação, mais trabalho, gerar nossos próprios produtos e exportar o que fazemos, a fim de ter uma província diferente e um país diferente. É isso que temos que construir – disse Santilli.
Ele deu declarações na sede da Juntos pela Mudança, em La Plata.
*AE
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