Leia também:
X Governo negocia 30 milhões de doses da Sputnik V e da Covaxin

Ex-detentas denunciam estupros em campos de Xinjiang

Casos foram expostos em uma reportagem da BBC. Governo chinês nega

Ana Luiza Menezes - 03/02/2021 21h38 | atualizado em 04/02/2021 10h05

Campos de concentração em Xinjiang Foto: Reprodução/The Australian Strategic Policy Institute

Em uma entrevista à BBC, ex-detentas relataram sobre estupros e torturas que sofreram nos campos de concentração para minorias em Xinjiang, região autônoma que abriga uma minoria majoritariamente muçulmana no noroeste da China. A reportagem da emissora de TV britânica expôs, na terça-feira (2), os horrores vividos por várias vítimas.

A ditadura comunista se refere aos locais como campos de “reeducação”. Uma das entrevistadas foi Tursunay Ziawudun, uma uigur que disse ter sido vítima de crimes enquanto esteve “internada” em um dos campos. Além dela, foram ouvidas outras pessoas, incluindo um ex-guarda.

Ziawudun contou que foi presa em março de 2018, enquanto seu marido estava no Cazaquistão a trabalho. Ela e o esposo já tinham sido detidos entre 2016 e 2017. As autoridades locais alegaram que a mulher precisava de “mais educação”. No campo as mulheres tinham suas joias confiscadas e eram obrigadas a cortar o cabelo, além de outras humilhações.

Tursunay afirmou que as torturas começaram dois meses após sua chegada ao campo, durante interrogatórios sobre as atividades do marido dela no Cazaquistão. Ela disse que foi agredida e estuprada várias vezes. Em algumas ocasiões, os estupros eram praticados por dois ou três homens.

Ela deixou o campo em dezembro de 2018, junto com outras detentas que tinham parentes no Cazaquistão. Atualmente, Ziawudun vive nos Estados Unidos, onde espera o marido, que ainda mora no Cazaquistão. No novo país, a ex-prisioneira teve que ser submetida a uma cirurgia para remover o útero.

– Perdi a chance de ser mãe – lamentou Ziawudun.

Gulzira Auelkhan, uma mulher cazaque, disse que passou 18 meses em um dos campos. Ela falou que foi obrigada a assumir funções como despir outras detentas e algemá-las.

– Então, eu deixava as mulheres no quarto, e um homem entrava… algum chinês de fora ou policial. Eu me sentava em silêncio ao lado da porta e, quando o homem saia da sala, eu levava a mulher para tomar banho.

Segundo Auelkhan, os estupradores pagavam para escolher prisioneiras mais jovens e bonitas.

Um ex-guarda revelou que as pessoas detidas eram obrigadas a decorar passagens de livros sobre o presidente chinês Xi Jinping. Se não conseguissem, eram punidas. Ele disse que não soube de casos de estupro, mas confirmou que os guardas usavam instrumentos de eletrocussão.

A respeito dos casos, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China disse que as pessoas da reportagem são “atores que disseminam informações falsas”.

Leia também1 EUA acusam China de genocídio por repressão contra uigures
2 Relatório: China atravessa pior repressão aos direitos humanos
3 Em texto, Mike Pompeo denuncia perseguição religiosa na China
4 Estudo: China construiu quase 400 campos de concentração
5 Premier League encerra contrato com a China

Siga-nos nas nossas redes!
WhatsApp
Entre e receba as notícias do dia
Entrar no Canal
Telegram Entre e receba as notícias do dia Entrar no Grupo
O autor da mensagem, e não o Pleno.News, é o responsável pelo comentário.