EUA: Senadores questionam exposição com fotos de Che
Políticos disseram que Guevara foi "bandido" e "açougueiro sádico"
Paulo Moura - 14/10/2019 07h37

A exposição de retratos de Ernesto Che Guevara em museus dos Estados Unidos virou motivo de discussão no Congresso americano. Dois senadores republicanos pediram explicações sobre os critérios de uma agência do governo para financiar uma mostra que exibe imagens de Ernesto.
Em documento enviado ao NEA (National Endowment for the Arts), instituição federal de incentivo à cultura, Marco Rubio e Rick Scott, aliados de Donald Trump, chamam Che de “bandido” e “açougueiro sádico” e afirmam que os americanos não podem pagar por ações que exaltem alguém que “odiava os Estados Unidos” e “assassinou inocentes”.
– Não acreditamos que os dólares de contribuintes dos EUA que foram destinados pelo Congresso para o National Endowment of the Arts devam ser usados para glorificar ou romantizar pessoas que desdenharam abertamente dos princípios americanos, dos direitos fundamentais e da liberdade – diz um trecho da carta enviada pelos senadores.
Enviada em 1º outubro à presidente do NEA, Mary Anne Carter, a carta pede detalhes de como a agência avaliou o conteúdo da exposição Pop America 1965-1975, que reúne trabalhos sobre a América Latina. A mostra foi inaugurada em outubro do ano passado no McNay Art Museum, no Texas, e passou por outras duas instituições do país, o Nasher, da Duke University, e o Block, da Northwestern University, na qual permanece até dezembro.
Na avaliação dos parlamentares, o governo norte-americano não deveria repassar recursos à mostra sem esclarecer ao público que Che Guevara foi responsável por atrocidades.
– Pedimos que você garanta que indivíduos responsáveis por crimes de guerra ou contra a humanidade não sejam exibidos em nenhuma exposição financiada pelo NEA sem destacar clara e inequivocamente seus crimes hediondos em memória de suas vítimas – afirma a carta escrita por Rubio e Scott.
Rubio e Scott foram eleitos pela Flórida, reduto do eleitorado latino conservador dos Estados Unidos, com forte presença de cubanos contrários ao regime dos irmãos Castro. Os dois senadores americanos são frequentemente elogiados pela família Bolsonaro, alinhada às críticas ao regime cubano, e já se reuniram com o clã brasileiro em duas ocasiões.
Em novembro do ano passado, Rubio esteve em Washington com Eduardo Bolsonaro, filho do presidente e candidato a embaixador em Washington. Scott, por sua vez, reuniu-se na terça-feira (8) com Eduardo e Bolsonaro em Brasília.
*Folhapress
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