Especialistas analisam decisão dos EUA sobre Jerusalém
Pleno.News ouviu analistas sobre polêmico movimento de Donald Trump e Israel
Emerson Rocha - 07/12/2017 13h56 | atualizado em 07/12/2017 16h32
A decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de reconhecer oficialmente que Jerusalém é a capital de Israel está mexendo com todo o mundo. Muitos países já se posicionaram contra a atitude americana tomada nesta quarta-feira (6), de instalar uma embaixada na cidade. O papa Francisco veio a público e mostrou ser contrário à mudança de status do local. E as nações árabes prometeram retaliações e até mesmo a suspensão de relações diplomáticas com os EUA.
Com toda essa polêmica, o Pleno.News ouviu alguns especialistas na questão para saber quais serão as consequências dessa decisão.
Dr. José Luiz Niemeyer, doutor em ciência política pela USP e coordenador do curso de Relações Internacionais do Ibmec – Rio de Janeiro, acredita em uma resposta dura dos países de religião muçulmana aos EUA.
– Diferente de (Barack) Obama, que buscava um relacionamento mais equilibrado entre palestinos e israelenses, Trump tem uma decisão mais moralista. É uma ação dura, que deixa claro que ele escolheu o lado de Israel como parceiro político. O que vai gerar, com certeza, retaliações dos países árabes, que não concordam com essa decisão – considera Niemeyer.
Ele explicou ainda que há a possibilidade de conflitos na região.
– Trump usou o que a gente chama, na teoria das relações internacionais, “uma tomada de decisão”. É complicado, já que (George W.) Bush não se posicionou sobre esse assunto e Obama tinha uma linha mais conciliadora. Não dá para saber se isso vai gerar conflitos, mas os países árabes vão se posicionar duramente contra – acrescentou.
Já Mônica Herz, que é doutora em relações internacionais com ênfase em segurança internacional, foi mais enfática em sua análise. Para ela, Donald Trump pode acabar com qualquer possibilidade de paz entre os povos da região de Jerusalém.
– É uma afronta a todas as tentativas de negociação; não só da relação entre palestinos e israelenses; mas também entre Ocidente, europeus, americanos e a população Islâmica como um todo. O significado de Jerusalém como um símbolo das três religiões monoteístas demanda que seu estado final seja negociado cuidadosamente por um conjunto grande de atores e que se formem coalizões capazes de lidar e operacionalizar soluções encontradas. Enquanto isso não for possível, é necessário que o processo de negociação continue. Essa decisão do governo americano impede o processo de negociação. É uma verdadeira catástrofe! – lamenta Mônica.
A especialista acrescenta que a atitude tomada por Trump está totalmente equivocada.
– A decisão do governo americano, anunciada pelo seu presidente, de reconhecer Jerusalém como capital do Estado de Israel é um erro conceitualmente afirmado por atores do mundo todo. É um erro que expressa a sua incapacidade de entender a interdependência que vivemos atualmente, a complexidade das relações políticas e sociais. Incapacidade de entender que apenas a afirmação da força e do poder não podem resolver as difíceis questões que dizem respeito a como vamos conviver internacionalmente – analisou.
A decisão também mexe na questão espiritual. Até porque, Jerusalém é considerada o berço do cristianismo, mas reúne outras culturas e religiões. Para o mestre em Teologia e Ciências da Religião, Valtair Afonso Miranda, essas atitudes políticas são indícios da confirmação da Bíblia.
– Esses movimentos dos poderes são indicações do final dos tempos. Não dá para saber ao certo se essa decisão dos EUA sobre Jerusalém vai provocar a volta de Jesus ou a aparição de um novo anticristo. O que ensino aos meus alunos e digo na minha igreja é que Deus é soberano pela história. O cristão não deve ficar ansioso, pelo contrário. Segundo as profecias bíblicas, as guerras estão previstas para acontecer pouco antes da volta de Jesus – explica.
Valtair, que é pastor da Igreja Batista de Neves, em São Gonçalo, Rio de Janeiro, ainda mostra confiança na Palavra.
– Acredito que esses conflitos possam acontecer, já que o Oriente Médio é um barril de pólvora. É uma região de muitas guerras. Mas quanto mais a situação por lá ficar complicada, mais temos confiança da volta de Jesus – finaliza.
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