Durante feriado, argentinos protestam contra quarentena
Atos questionam medidas restritivas consideradas abusivas
Pleno.News - 17/08/2020 20h33
Uma manifestação antiquarentena e contra o governo do presidente argentino, Alberto Fernández, tomou a região do Obelisco, na avenida 9 de Julho, principal artéria de Buenos Aires, na tarde desta segunda (17).
– Por que deixam jornalistas trabalharem, e nós, não? Estou sem emprego. Isso é uma gripe, e esse governo é uma ditadura – gritava um senhor, que dizia trabalhar numa academia de ginástica, fechada desde o início da pandemia de coronavírus.
No ato, pessoas caminhavam com bandeiras nacionais, carros buzinavam e muitos cidadãos protestavam sem usar máscaras. O governo alertou para o perigo de contaminação num momento em que o país vive uma alta na curva de infecções. Manifestações também ocorreram em Tucumán, Santa Fé e Rosario.
Em quarentena desde 20 de março, a Argentina flexibilizou as medidas de restrição nas últimas semanas, reabrindo diversos comércios de produtos não essenciais e indústrias.
Há setores da economia, na região metropolitana de Buenos Aires, no entanto, como shoppings, academias, escolas, bares, restaurantes e hotéis, que permanecem sem autorização para reabrir.
– Apresentamos protocolos para voltar a trabalhar, mas não nos deram bola, o governo quer nos ver pobres – disse o garçom Pablo García, de 47 anos.
Questionado se tinha medo de se contaminar em meio à aglomeração, afirmou que “morre mais gente de gripe do que de Covid-19 todos os anos”.
De meados de março até agora, foram registrados 294.569 casos e 5.750 mortes por Covid-19 no país.
Apesar de convocado de forma anônima, pelas redes sociais, os protestos receberam apoio do Proposta Republicana (PRO), partido do ex-presidente Mauricio Macri. A presidente da legenda, Patricia Bullrich, ex-ministra da Segurança, esteve no ato no Obelisco e, de dentro de um carro, disse que estava ali porque “a República está em risco”.
– Quando a pátria está em perigo, tudo está permitido – falou ela.
Ao apoiar a manifestação, o PRO, no Twitter, usou uma frase do general San Martín, herói da independência do país, cujo feriado é comemorado nesta segunda-feira.
– Faz mais ruído apenas um homem gritando do que cem mil calando – observou o partido.
Ao lado do Obelisco, havia um boneco inflável com a imagem da vice-presidente Cristina Kirchner vestida de presidiária. Na frente do apartamento da ex-presidente, no bairro da Recoleta, houve buzinaços, e cartazes foram colocados na porta do edifício. Ouvia-se gritos de “Cristina, traidora da pátria”.
Os manifestantes protestaram contra a reforma no Judiciário proposta pelo governo e interpretada pela oposição como uma forma de livrar a vice das nove acusações de corrupção pelas quais é processada. Um dos cartazes encontrados na manifestação também exigia o retorno das aulas.
*Folhapress
Leia também1 Trump diz que eleições não serão justas com voto por correio
2 Vídeo: Presidente de Portugal salva jovens de afogamento
3 Berço da pandemia, Wuhan faz festa com aglomeração
4 Irmã de Evo Morales morre após complicações da Covid-19
5 Morre Robert Trump, irmão do presidente Donald Trump