Contrariado, Biden defende que direito ao aborto vire lei nos EUA
Democrata considera decisão da Suprema Corte como "erro trágico" movido por "ideologia extrema"
Gabriel Mansur - 24/06/2022 16h02

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, fez um discurso nesta sexta-feira (24), na Casa Branca, criticando a decisão da Suprema Corte de revogar o direito ao aborto. O democrata chamou a medida de “erro trágico” movido por uma “ideologia extrema”.
Biden defendeu ainda que o direito ao aborto seja transformado em lei e enfatizou que fará o possível para “proteger a saúde das mulheres”. Por fim, pediu protestos pacíficos no país.
– Esse é o resultado de um esforço deliberado de décadas para acabar com o equilíbrio de nossas leis, é a concretização de uma ideologia extrema, um erro trágico. A Suprema Corte fez algo que nunca havia feito antes, que é retirar um direito constitucional dos americanos. A América volta 150 anos no tempo – enfatizou o democrata, em discurso na Casa Branca após a sentença ser conhecida.
Em mensagem direcionada aos eleitores, Biden disse que a única maneira de defender o direito da mulher no Congresso é elegendo “senadores e líderes locais” nas eleições de novembro. Para o democrata, a atual configuração do Congresso impede o avanço de qualquer lei nesse sentido.
– Precisamos eleger senadores e líderes locais para proteger esse direito e restaurar essa decisão nas eleições de meio de mandato. Tudo isso estará em jogo no voto, e eu farei tudo que estiver ao meu alcance para proteger a saúde da mulher – ponderou.
Ao criticar a falta de equilíbrio da Corte, o democrata lembrou que seu antecessor, o republicano Donald Trump, foi responsável por escolher três juízes conservadores durante seu mandato.
— Três juízes nomeados por um presidente estão no centro da decisão de hoje de eliminar um direito fundamental às mulheres do país – concluiu.
O ex-presidente republicano, por sua vez, afirmou em entrevista à Fox News que a decisão “segue a Constituição” e “é a vontade de Deus”.
ENTENDA O CASO
A Suprema Corte dos Estados Unidos derrubou nesta sexta-feira (24), por seis votos a três, a regra que liberava o direito ao aborto legal no país. A medida reverte a histórica decisão Roe versus Wade, de 1973, e determina que, a partir de agora, não há mais um direito constitucional federal ao aborto no território norte-americano.
Para a nova decisão, Roe versus Wade foi decidida erroneamente uma vez que a Constituição dos Estados Unidos não faz menções específicas sobre o aborto. Quando a decisão foi tomada, em 1973, os juízes entenderam que o direito ao respeito à vida privada garantido pela Constituição se aplicava ao aborto.
A nova medida não representa uma proibição automática da prática nos Estados Unidos. No entanto, cerca de 26 estados conservadores, a maioria no centro e sul do país, como Wyoming, Tennessee e Carolina do Sul, estão prontos para proibir a prática por completo.
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