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Chanceler pede retratação de embaixador da China

Ernesto Araújo disse ser "inaceitável" que embaixador chinês "endosse ou compartilhe postagem ofensiva ao chefe de Estado do Brasil"

Henrique Gimenes - 19/03/2020 15h49 | atualizado em 19/03/2020 16h08

Deputado Eduardo Bolsonaro e chanceler Ernesto Araújo Foto: EFE/SHAWN THEW

Nesta quinta-feira (19), o ministro de Relações Exteriores, Ernesto Araújo, publicou uma nota em que afirma que as críticas feitas pelo deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) não representam a “posição do governo do Brasil”. No texto, no entanto, o chancelar criticou o fato de o embaixador da China no Brasil, Yang Wanming, ter compartilhado ou endossado “postagem ofensiva ao chefe de Estado do Brasil e aos seus eleitores”.

A polêmica começou na noite desta quarta-feira (18), após o parlamentar comentar a crise do coronavírus e escrever: “Quem assistiu (à série) Chernobyl vai entender o que ocorreu. Substitua a usina nuclear pelo coronavírus e a ditadura soviética pela chinesa. +1 vez uma ditadura preferiu esconder algo grave a expor tendo desgaste, mas que salvaria inúmeras vidas. A culpa é da China e liberdade seria a solução”.

Pouco depois, a representação diplomática da China no Brasil chamou a declaração do deputado de “irresponsável” e disse que Eduardo Bolsonaro, ao “voltar de Miami, contraiu, infelizmente, vírus mental que está infectando a amizade entre os nossos povos (…) Aconselhamos que não corra para ser o porta-voz dos EUA no Brasil, sob a pena de tropeçar feio”.

Já o embaixador chinês afirmou que as palavras de Eduardo Bolsonaro “são um insulto maléfico contra a China e o povo chinês. Tal atitude flagrante anti-China não condiz com o seu estatuto como deputado federal, nem a sua qualidade como uma figura pública especial”. Ele ainda exigiu que o parlamentar “retire imediatamente” as palavras e “peça desculpas ao povo chinês”.

Ao falar sobre o episódio, Ernesto Araújo afirmou que a reação de Yang Wanming foi “desproporcional e feriu a boa prática diplomática”. Ele disse ainda que comunicou a “insatisfação do governo brasileiro com seu comportamento” e disse que o Brasil espera “uma retratação por sua repostagem ofensiva ao chefe de Estado”.

Por fim, o chanceler disse que irá conversar com o embaixador chinês e com o deputado Eduardo Bolsonaro para “promover um reentendimento recíproco”.

Veja a nota de Ernesto Araújo:

É inaceitável que o embaixador da China endosse ou compartilhe postagem ofensiva ao chefe de Estado do Brasil e aos seus eleitores, como infelizmente ocorreram ontem à noite.

As críticas do deputado Eduardo Bolsonaro à China, feitas em postagens ontem à noite, não refletem a posição do governo brasileiro

Cabe lembrar, entretanto, que em nenhum momento ele [Eduardo] ofendeu o chefe de Estado chinês. A reação do embaixador foi, assim, desproporcional e feriu a boa prática diplomática.

Já comuniquei ao embaixador da China a insatisfação do governo brasileiro com seu comportamento. Temos expectativa de uma retratação por sua repostagem ofensiva ao chefe de Estado

O Brasil quer manter as melhores relações com o governo e o povo chinês, promover negócios e cooperação em benefício recíproco, sem jamais deixar de lado o respeito mútuo.

Conversarei com o deputado Eduardo Bolsonaro e com o embaixador da China, procurando promover um reentendimento recíproco.

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