Papa rejeita ordenar casados como padres na Amazônia
Pontífice rejeitou a proposta feita no ano passado em sínodo
Pleno.News - 12/02/2020 11h52
O papa Francisco descartou, nesta quarta-feira (12), a proposta de que homens casados pudessem ser ordenados padres na região da Amazônia, na América do Sul, e denunciou as empresas que semeiam a “injustiça e o crime” na região, violando os direitos dos povos tradicionais.
A declaração veio por por meio de um documento chamado “exortação apostólica”, e foi uma resposta às recomendações do sínodo da Amazônia, que ocorreu no ano passado. A carta não define a doutrina oficial, mas instrui práticas da igreja.
Com esta decisão, o papa se afastou de temas que dividem a igreja e se concentrou nos desafios ecológicos, sociais e pastorais. A proposta de ordenação de homens casados estava no parágrafo 111 do relatório final do sínodo, formulado em outubro do ano passado.
Na época, o tema foi o mais controvertido. Recebeu a aprovação de 128 padres sinodais, o mais baixo número de votos dos 120 parágrafos, que são aprovados individualmente. Os padres que se opuseram somaram 41 votos.
A recomendação não previa que padres pudessem se casar, mas que homens com família pudessem assumir as funções de sacerdócio. A expectativa era a de que a medida aumentasse a presença da igreja em áreas remotas, onde os padres atualmente só conseguem visitar poucas vezes por ano. Seria também uma forma de confrontar a crescente presença de igrejas pentecostais na região.
OUTRAS PROPOSTAS
A assembleia do sínodo havia recomendado também a criação do “pecado ecológico” (atos e hábitos de “poluição e destruição da harmonia do ambiente”), o respeito à religiosidade não cristã indígena, o estabelecimento de um “observatório pastoral socioambiental” e o alinhamento a povos amazônicos que denunciam o “modelo econômico de desenvolvimento predatório e ecocida”.
Por outro lado, por falta de consenso, o relatório final deixou de fora a criação de um diaconato para as mulheres. O tema continuará a ser discutido pela igreja por uma comissão específica, mas o papa já se posicionou.
– Reconhecer ministérios à mulher conseguiria apenas “clericalizar as mulheres, diminuiria o grande valor do que elas já deram e provocaria sutilmente um empobrecimento de sua contribuição indispensável – escreveu ele.
*Folhapress
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