Leia também:
X Grupo terrorista explode dois carros-bomba na Somália

Pai de marinheiro morto quer deixar o corpo do filho no mar

"Não quero que tirem o corpo do meu filho de lá", disse

Ana Luiza Menezes - 26/11/2018 20h26

Jorge Bergallo e seu filho, Jorge Ignacio Foto: Arquivo Pessoal

Em entrevista à BBC Brasil, o pai de um dos mortos do submarino argentino que desapareceu no ano passado, falou sobre o resgate dos corpos. Para Jorge Bergallo, de 68 anos, o corpo de seu filho não deveria ser retirado do mar.

Além de não querer ver o estado final do corpo do filho, ele é contra a logística que envolve dificuldades técnicas para retirar quase 2.000 toneladas de destroços em uma área de difícil acesso.

– Não quero ver o corpo do meu filho tanto tempo depois de estar no fundo do mar. Quero lembrar do meu filho como está na última foto que me mandou quando a navegação zarpou – declarou.

Em tom franco, ele relembrou momentos com o falecido filho Jorge Ignacio, que era subcomandante do ARA San Juan, e um dos 44 tripulantes mortos na tragédia. Foi o seu amor pelo mar que levou o jovem a seguir a mesma carreira que um dia ele teve.

– Passei para meu filho o amor pelo mar de forma inadvertida. Adorávamos ficar horas conversando sobre o mar, a navegação, a cartografia, os desafios no mar – contou.

Bergallo é capitão do mar e guerra da reserva. Já fora da Marinha, após três décadas de serviço, ele atua como professor universitário. Jorge Ignacio tinha 42 anos e era seu primogênito. Ele foi o único que quis seguir o mesmo caminho que o pai. A conexão entre os dois era tão forte que chegaram a servir no mesmo submarino, porém em épocas distintas.

Jorge conhece bem o transporte onde o filho estava na hora da morte. Como consolo, ele defende que o rapaz e o restante da tripulação não sofreu tanto porque a implosão do submarino deve ter ocorrido de forma rápida. Ele acredita ainda que o filho também não ia querer que seu corpo fosse resgatado.

Após a perda, agora, só restam as memórias e os sonhos. Bergallo conta que frequentemente sonha que está conversando com o filho. E, nessas horas, ele também relembra momentos da infância de Jorge.

– Acho que agora meu filho, que era um ser humano incrível, está no céu ou a caminho do céu. Eu, minha mulher e meus filhos somos católicos praticantes e acreditamos que ele está com Deus e estará sempre ligado ao mar que tanto amava – disse o pai.

 

Leia também1 Grupo terrorista explode dois carros-bomba na Somália
2 Mais de 700 pessoas ficam feridas em terremoto no Irã

Siga-nos nas nossas redes!
WhatsApp
Entre e receba as notícias do dia
Entrar no Canal
Telegram Entre e receba as notícias do dia Entrar no Grupo
O autor da mensagem, e não o Pleno.News, é o responsável pelo comentário.