Otan ignora pressão de Zelensky por adesão imediata da Ucrânia
Receber o país na organização em meio à guerra contra a Rússia significaria travar uma Terceira Guerra Mundial
Pleno.News - 12/07/2023 10h09 | atualizado em 12/07/2023 10h49
O presidente ucraniano bem que tentou. Volodymyr Zelensky compareceu pessoalmente, nesta terça-feira (11), à cúpula da Otan em Vilnius, na Lituânia, e disse que seria um “absurdo” a aliança não oferecer ao seu país a possibilidade de adesão. No fim, fracassou. Os líderes dos 31 membros da organização fizeram promessas vagas de aceitar a Ucrânia no futuro, mas não estabeleceram um cronograma ou condições para a entrada.
Frustrado, Zelensky reclamou de desrespeito do presidente americano, Joe Biden, e de outros líderes presentes na Lituânia, e disse que “não havia disposição” para aceitar a Ucrânia na Otan. A pressão não deu resultado.
No comunicado que encerrou a cúpula, os países-membros se esforçaram para encontrar o tom certo para dizer o que estava explícito: o futuro da Ucrânia é na Otan, mas um convite só seria formalizado quando os ucranianos concluíssem reformas democráticas e no setor de segurança.
CAUTELA
– Hoje, viajei com fé nas decisões, nos parceiros, numa Otan forte, que não hesita, que não perde tempo e não dá as costas para nenhum agressor. Gostaria que esta fé se transformasse em confiança – disse um resignado Zelensky, após o comunicado da aliança.
A adesão da Ucrânia à Otan, no entanto, era improvável – e certamente Zelensky sabia disso. A principal oposição veio de Estados Unidos e Alemanha, que temiam a reação russa em caso de um convite formal ou de um cronograma de entrada.
A Otan foi criada em 1949 como uma aliança defensiva entre os EUA e seus aliados europeus. O objetivo era dissuadir o bloco soviético de qualquer ataque militar. Para cumprir a missão, foi fundamental o Artigo 5º do Tratado do Atlântico Norte, que criou a organização. Ele determina que um ataque contra um membro será considerado um ataque contra todos, legitimando uma ação coletiva.
COALIZÃO
Assim, se a Ucrânia entrar na organização, enquanto ainda trava uma guerra contra a Rússia, significa o envolvimento direto de todos os países da aliança no conflito. Por isso, todo o cuidado é pouco.
Zelensky participou nesta terça-feira de um jantar com todos os líderes de países da aliança. Atualmente, ele continua na Lituânia para acompanhar o recém-criado Conselho da Ucrânia da Otan. O presidente ucraniano também deve se encontrar com Biden, de acordo com funcionários da Casa Branca.
No fim, o presidente ucraniano não deixará a cúpula de mãos vazias. A Otan informou que 11 países, incluindo Dinamarca e Holanda, concordaram em estabelecer uma coalizão para treinar pilotos ucranianos no uso de caças F-16, de fabricação americana, em uma escola que será criada na Romênia. O acordo só foi fechado depois da aprovação de Biden.
Segundo ministro dinamarquês da Defesa, Troels Lund Poulsen, os primeiros impactos da decisão serão sentidos apenas no início de 2024.
– Esses cursos de treinamento exigem tempo para os pilotos, mas especialmente para nossos engenheiros e técnicos. Enquanto isso, vamos preparar pistas de pousos e infraestrutura – afirmou Poulsen.
*AE
Leia também1 Microsoft tem novas demissões após cortes massivos de janeiro
2 Ditadura de Ortega prende mais um padre crítico ao governo
3 Helicóptero turístico cai perto do Everest e mata seis pessoas
4 Emmanuel Macron anuncia envio de mísseis para a Ucrânia
5 Entenda por que a Otan teme bombas de fragmentação