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Nos EUA, lista de material escolar tem mochila ‘antibala’

Escolas querem se preparar para novos atentados

Gabriela Doria - 26/08/2019 14h57 | atualizado em 26/08/2019 14h58

Mochilas antibala estão se popularizando nos EUA Foto: Divulgação/Guard Dog Security

Caderno novo, canetinhas coloridas, lápis de cor, fita crepe e escudo à prova de bala. Ou melhor, mochila antibala? Talvez um fichário balístico e um spray de pimenta? Na volta às aulas nos EUA, produtos de segurança pessoal se misturam à lista de material escolar, em meio aos temores de tiroteios em massa que, neste ano, deixaram cerca de 250 mortos e mil feridos.

Nenhuma escola foi palco de massacres em 2019, mas cerca de 20 incidentes com armas de fogo em escolas deixaram oito mortos e 30 feridos. Em 2018, foram 94 incidentes e 55 mortos.

Lousas à prova de bala, câmeras, campainhas e detectores de metais fazem parte de uma indústria de segurança escolar que movimentou quase US$ 3 bilhões em 2017.

– A probabilidade de um atirador entrar numa escola é muito, muito pequena – disse à Folha de S.Paulo a professora Amy Klinger, cofundadora da ONG Educator’s School Safety Network, dedicada a criar treinamentos e recursos de segurança escolar baseados em educação.

Klinger conta que, ainda assim, a maioria das escolas quer fazer algo em relação à segurança e não sabe bem o quê.

– Já vimos escolas gastando US$ 5 mil (R$ 20 mil) em sprays de pimenta. Felizmente, a maioria não toma essas decisões ridículas. Defendemos que a escola pare de comprar coisas e invista em seu pessoal, em treinamento, nas relações – afirmou.

O mesmo acontece com pais dos estudantes em busca de algo para aplacar o medo. O empresário Robert Vito, fundador da Unequal Technologies, disse que teve a ideia de criar escudos à prova de bala para mochilas ao receber um pedido de ajuda da diretora da escola católica particular de suas duas filhas, no estado da Pensilvânia. Para ele, o escudo virou o novo normal.

– Não é diferente de usar cinto de segurança. Não espero um acidente, mas se acontecer, estou preparado – disse Vito por telefone.

Sua empresa é focada em acessórios de proteção esportiva feitos com material militar e, desde 2018, fabrica os escudos de 7 milímetros de US$ 150 (R$ 600), mais leve que duas latas de refrigerante.

Ao presentear estudantes e funcionários com o produto pronto, Vito percebeu que alguns alunos ficaram espantados. O escudo bidirecional aguenta facadas e tiros de pistolas curtas, mas não armas longas ou semi-automáticas.

– Houve surpresa, claro. Muitos não sabiam para que servia, como usar. Foi como ver um CD pela primeira vez. Minhas filhas usam em suas mochilas, e eu uso na minha maleta de trabalho – disse.

Ele não diz quantos já vendeu, apenas que está presente em “centenas de escolas”.

Exercícios contra atiradores
Além do aparato de segurança, há os exercícios de esvaziamento em caso de “atirador ativo”, uma prática que se tornou tão corriqueira quanto os exercícios para incêndios ou terremotos. Porém, algumas escolas levaram o treinamento tão a sério que foram criticadas pelo possível trauma causado em alunos e funcionários.

Neste mês, num exercício numa escola em Indiana, foi usado um áudio antigo de um professor desesperado ligando para o serviço de emergência durante o ataque de Columbine. No mesmo estado, outra escola contou com agentes policiais que atiraram balas de plástico nas costas de 20 professores. E, em Missouri, sangue falso foi espalhado em estudantes que se fizeram de vítimas deitados no chão, tudo para tornar o exercício mais realístico.

A educadora Amy Klinger acredita que os exercícios contra atiradores são importantes, mas não precisam ser realísticos.

– Precisam ser parte de um plano maior de prevenção contra violência e outros perigos. Em qualquer prédio com 800 ou 2 mil alunos, você vai ter acidentes diversos e precisa estar preparado para todos – disse.

Para ela, o mais preocupante é o aumento da mentalidade de vigilância, como câmeras, detectores de metais, salas trancadas e até firmas terceirizadas que vigiam as redes sociais dos alunos.

– Estamos olhando os estudantes como criminosos ou atiradores em potencial. Lentamente, escolas estão virando prisões, e isso não nos fará mais seguros – destacou.

*Folhapress

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