Morre grávida socorrida após bombardeio em maternidade
Imagens da mulher sendo levada para uma ambulância em uma maca circularam o mundo
Pleno.News - 14/03/2022 12h28 | atualizado em 14/03/2022 13h34

Uma mulher grávida e seu bebê morreram depois que a Rússia bombardeou a maternidade onde ela deveria dar à luz, apurou a agência Associated Press. Imagens da mulher sendo levada às pressas para uma ambulância em uma maca circularam o mundo, simbolizando o horror de um ataque aos mais inocentes da humanidade.
Em vídeo e fotos tiradas, na quarta-feira (9), por jornalistas da Associated Press após o ataque ao hospital, a mulher foi vista acariciando seu abdômen enquanto os socorristas a levavam pelos escombros da cidade sitiada de Mariupol. O rosto pálido da mulher refletia seu choque com o que havia acabado de acontecer.
Este foi um dos momentos mais brutais capturados em imagens, até agora, na guerra da Rússia contra a Ucrânia que já completa 19 dias. A mulher foi levada às pressas para outro hospital, ainda mais próximo da linha de frente, onde os médicos trabalharam para mantê-la viva. Ao perceber que estava perdendo seu bebê, disseram os médicos, ela gritou para eles: “Me matem agora!”.
O cirurgião Timur Marin encontrou a pélvis da mulher esmagada e o quadril descolado. Os médicos fizeram o parto do bebê por cesariana, mas ele “não mostrou sinais de vida”, relatou o cirurgião. Então, eles se concentraram na mãe. Entretanto, mesmo após mais de 30 minutos de tentativa de reanimação, ela acabou morrendo.
A mulher faz parte de um número de civis mortos na guerra na Ucrânia que a ONU estima em 596, embora tenha dito que “acredita que os números reais sejam consideravelmente maiores”. O governo ucraniano já apontou um número de mortos na casa dos milhares.
A história da mulher ilustra a situação perigosa que as grávidas enfrentam na Ucrânia, onde pelo menos 31 ataques a instalações ou equipamentos de saúde foram documentados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) desde o início do ataque da Rússia, há duas semanas e meia.
RÚSSIA NEGA ATAQUES A CIVIS
No caos após o ataque aéreo de quarta-feira passada, os médicos não tiveram tempo de obter o nome da mulher antes que seu marido e seu pai chegassem para levar o corpo.
– Pelo menos alguém veio buscá-la – disseram os médicos – se isso não acontecesse, ela não acabaria nas valas comuns sendo cavadas para muitos dos crescentes números de mortos de Mariupol.
As autoridades russas acusadas de crimes de guerra alegaram que a maternidade havia sido tomada por extremistas ucranianos para ser usada como base. E garantiram que nenhum paciente ou médico foi deixado dentro. O embaixador da Rússia na ONU e a Embaixada da Rússia em Londres chamaram as imagens de “notícias falsas”.
No entanto, jornalistas documentaram o ataque e viram as vítimas e os danos em primeira mão. Eles gravaram vídeos e fotos de várias mães grávidas manchadas de sangue fugindo da maternidade após a explosão; além de médicos gritando e crianças chorando. A equipe da Associated Press localizou as vítimas na sexta-feira (11) e no sábado no hospital para onde foram transferidas, nos arredores de Mariupol.
*AE
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