Mexicana denuncia estupro e é condenada a 100 chibatadas
Paola Schietekat também foi condenada a sete anos de prisão
Monique Mello - 21/02/2022 12h30 | atualizado em 21/02/2022 13h16

Uma mexicana de 27 anos foi condenada a sete anos de prisão e a 100 chibatadas após denunciar ter sido vítima de abuso sexual no Catar. Paola Schietekat atuava como economista comportamental do Comitê Supremo de Entrega e Legado, responsável pela organização da Copa do Mundo de 2022 no país do Oriente Médio.
De acordo com a Forbes México, Paola relatou que o homem invadiu o seu quarto na noite de 6 de junho de 2021 e abusou dela sexualmente. No dia seguinte, ela fotografou seus ferimentos e foi à polícia para fazer uma denúncia acompanhada da embaixadora do México no Catar, Graciela Gómez, e do então cônsul Luís Alberto Ancona. Os hematomas estavam localizados nos braços, nos ombros e nas costas.
– Quando perguntado se eu queria uma ordem de restrição, não fazer nada ou ir para a última instância, eu congelei, [fiquei] em choque. Por medo e falta de sono, eu me virei para ver o cônsul, que recomendou que eu fosse ao último recurso – detalhou Paola.
Horas depois de ter decidido manter as acusações, Paola fora convocada a voltar à delegacia. Lá, a vítima esteve de frente com seu agressor, que afirmou que ele já mantinha um relacionamento amoroso com Paola. Desta forma, a economista passou de vítima de violência a culpada de ter um caso extraconjugal.
O advogado da mexicana apresentou como solução que a cliente se casasse com o agressor. Também foi orientado que Paola usasse túnica para parecer uma “mulher de bons costumes” e escapar das acusações. A economista, por sua vez, recusou as orientações, foi condenada e só conseguiu retornar ao México com o apoio do Comitê Supremo. Já o agressor foi absolvido de todas as acusações.
Na última sexta-feira (18), no México, Paola se encontrou com o secretário de Relações Exteriores do país, Marcelo Ebrard, que garantiu a atuação de um consultor jurídico para defendê-la e garantir que seus direitos como cidadã mexicana sejam respeitados.
– Agradeci a Paola pela visita e pela conversa. A Consultora Jurídica da SRE, nossa melhor advogada, se encarregará de defendê-la e [de] garantir que todos os seus direitos como cidadã mexicana sejam respeitados. Reconheci sua coragem e determinação – declarou o chanceler.

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