Megatsunami inundou costa de Israel há 10 mil anos, diz estudo
Desastre natural avançou de 1,5 a 3,5 quilômetros litoral adentro
Thamirys Andrade - 18/01/2021 15h44 | atualizado em 18/01/2021 16h03
Arqueólogos foram surpreendidos por evidências de um megatsunami que atingiu a costa de Israel a aproximadamente 10 mil anos atrás. De acordo com o estudo publicado na revista Pos One, o desastre natural inundou de 1,5 a 3,5 quilômetros costa adentro, e deve ter ocorrido entre 7910 e 7290 a.C.
O pesquisador Gilad Steinberg estudava a reconstrução das antigas mudanças climáticas e ambientais na costa israelense nos últimos 12 anos, quando ele e seus colegas encontraram vestígios do fenômeno pré-histórico.
– Os cientistas sabem que no início do Neolítico, há cerca de 10 mil anos, o litoral ficava a 4 km do local atual. Quando abrimos os núcleos e vimos uma camada de conchas incrustada no solo neolítico seco, sabíamos que tínhamos ganhado na loteria – disse Steinberg.
Nos últimos 6.000 anos, a costa leste do Mediterrâneo tem sido atingida de forma recorrente por tsunamis. Isso porque o sistema de falhas do Mar Morto gera terremotos e deslizamentos de terra subaquáticos. A média é que ocorram de 8 a 10 tsunamis a cada 100 anos. Entretanto, os impactos costumam ser pequenos e a invasão da água na costa não ultrapassa 300 metros. O tsunami descoberto pela equipe de Steinberg, entretanto, foi superior a todos os casos conhecidos nessas regiões.
Os cientistas realizaram escavações subaquáticas e perfuração de poços de até 9 metros de profundidade em terra. Uma camada de conchas de areia do período Neolítico foi encontrada, além de sedimentos marinhos de pântanos de água doce, o que foi atribuído aos impactos do tsunami.
MURO DE DEFESA
Um ano atrás, arqueólogos descobriram ruínas de um muro que possuía 100 metros de extensão e ficava no antigo assentamento de Tel Khreutz, norte de Israel. A construção erguida há 7 mil anos tinha o objetivo de proteger os moradores da fúria do mar.
Pesquisadores explicam, no entanto, que o nível do mar aumentou vários metros após alguns séculos e a pressão da água fez o muro desabar e os habitantes deixarem suas casas.
Segundo os cientistas, essa é a parede de defesa costeira mais antiga de que se tem notícia, e atesta que a região vem lutando contra esse tipo de desastres naturais há muito tempo.
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