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Moradores da cidade de Guayaquil encontram dificuldades para sepultar seus mortos

Rafael Ramos - 02/04/2020 12h21

Moradores de Guayaquil enfrentam dificuldades para sepultar seus mortos Foto: Reprodução

A cidade portuária de Guayaquil, no Equador, encara um verdadeiro colapso nos sistemas de saúde e funerário devido à pandemia do coronavírus. Dados atualizados mostram que, das 93 mortes em todo o país, 60 aconteceram na cidade com mais de 2 milhões de habitantes.

A prefeita Cynthia Viteri, que foi diagnosticada com Covid-19, responsabilizou o governo do presidente Lenín Moreno pela remoção dos mortos. Ela disse que estão deixando os corpos nas aldeias ou em frente aos hospitais e ninguém quer enterrá-los. Entretanto, autoridades municipais afirmaram já ter recuperado 400 corpos nos últimos dias.

Em entrevista à BBC News, a médica Grace Navarrete, que é membro da Sociedade Equatoriana de Saúde Pública, afirmou que sempre houve pessoas que morrem em casa.

– O normal era que um médico determinasse a causa da morte e a funerária chegasse. Mas agora há um pânico geral e acredita-se que todo mundo que morre em Guayaquil tenha coronavírus. Portanto, as funerárias não querem assumir o controle. Alguém morre e ninguém toca o corpo, pois é uma cidade onde o calor faz com o que o nível de decomposição dos cadáveres seja mais rápido que em outras partes do país.

Parte da demora se deve ao toque de recolher imposto na região que interrompeu o trabalho das funerárias e cemitérios. O governo também proibiu velórios e tentou impor a cremação. Em entrevista à BBC, o sociólogo Héctor Chiriboga esclareceu que cremar corpos era algo mal visto pela Igreja Católica até pouco tempo.

– Esta é uma cidade onde a classe média ou média baixa demorava até dois dias para fazer os velórios porque tinha que esperar a chegada do parente que vivia na Europa, pois muitos moradores migraram no início dos anos 2000. Aqui os cadáveres eram vestidos e, até pouco tempo, a Igreja Católica via com maus olhos a cremação. Enterrar em uma vala comum é um golpe para o ritual da morte e do enterro. O homem que ganha seu pão todos os dias, que tem uma tendência cristã é um homem que se desfaz quando vê que o rito não será cumprido – disse Héctor.

Em entrevista à revista Vistazo, o porta-voz do governo do Equador, Jorge Wated, pediu desculpas pelo atraso para remoção dos cadáveres. Ele garantiu que estão trabalhando para que cada pessoa seja enterrada com dignidade em espaços individuais. A revista também informou que grupos de moradores queimaram pneus exigindo a remoção dos corpos.

Nesta segunda (30), um ex-prefeito anunciou a formação de um comitê de crise formado por líderes empresariais, governamentais e acadêmicos para resolver o transporte e enterro do enorme número de cadáveres. Segundo a Prefeitura, os corpos que não foram reclamados por suas famílias são colocados em contêineres refrigerados.

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