Ana Luiza Menezes - 03/08/2018 19h05

Nesta sexta-feira (3), a mãe de Osama Bin Laden disse que seu filho foi uma criança boa, que sofreu lavagem cerebral quando entrou na universidade. As declarações foram dadas por Alia Ghanem, de 70 anos, a um jornal britânico. Esta foi a primeira vez que ela falou à imprensa.

Alia vive na Arábia Saudita e afirmou que seu primogênito era uma pessoa tímida. Ela defende que seu primogênito se transformou em uma figura forte no período em que estudou Economia, na Universidade King Abdulaziz.

– As pessoas na universidade mudaram ele. Ele se tornou um homem diferente. Eu sempre dizia a ele para ficar longe deles, e ele nunca iria admitir para mim o que ele estava fazendo, porque me amava muito – disse ela.

Foi durante o ensino superior que Osama encontrou Abdullah Azzam, um membro do grupo radical Irmandade Muçulmana, que se tornou o seu conselheiro espiritual. Mais tarde, Bin Laden se tornou líder da Al-Qaeda e foi o responsável pelo ataque contra as Torres Gêmeas, em Nova York, em 2001. O terrorista foi morto em maio de 2011, em uma operação do serviço de inteligência americano no Paquistão.

FAMÍLIA
A família viu Osama pela última vez em 1999, na província afegã de Kandahar.

A mãe dele nasceu na Síria, em uma família alauíta, que é uma das correntes do islamismo xiita. Em meados da década 50, ela se mudou para a Arábia Saudita, onde Osama nasceu, no ano de 1957 . Alia se divorciou do pai de Osama e, três anos depois, casou-se com al-Attas, então administrador do império Bin Laden.

Segundo a família, no início dos anos 80 Osama viajou para o Afeganistão para combater a ocupação russa. O irmão dele, Hassan contou que, na época, todos estavam muito orgulhosos dele. Porém, a admiração se transformou em decepção quando ele virou um jihadista.

– Eu não queria que nada disso acontecesse. Por que ele jogaria tudo fora assim? – declarou a mãe.

A mulher garante que ficou “extremamente chateada” com a mudança no comportamento do filho. Longe dela, o irmão de Osama revelou que ela nega participação de Bin Laden no ataque ocorrido nos Estados Unidos.

– Ela o amava muito e se recusa a culpá-lo. Em vez disso, ela culpa os que o rodeiam. Ela só conhece o lado do bom garoto, o lado que todos nós vimos. Ela nunca chegou a conhecer o lado jihadista – afirmou.

Ainda de acordo com Ahmad, todos os irmãos do terroristas se sentiram envergonhados pelas ações de Bin Laden. Após o ataque, integrantes da família que moravam na Síria, no Líbano, no Egito e na Europa voltaram para Arábia Saudita. Vários familiares foram interrogados e chegaram a ficar temporariamente proibidos de viajar.

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