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Jornal: Assassino de Shinzo Abe “se vingava” de Reverendo Moon

Teoria da conspiração que liga movimento religioso a avô materno de ex-premier japonês pode ter instigado criminoso

Gabriel Mansur - 09/07/2022 19h02 | atualizado em 11/07/2022 13h07

Pessoas lamentam a morte do ex-primeiro-ministro EFE/EPA/JIJI PRESS

O assassino confesso do ex-premier japonês Shinzo Abe, Tetsuya Yamagami, contou como planejou suas ações e falou também sobre suas alegadas motivações para cometer o crime. Novos detalhes sobre o caso se tornaram públicos neste sábado (9).

Yamagani, um homem de 41 anos, afirma não ter problemas políticos com Abe. Em vez disso, ele acusa a Igreja da Unificação, movimento religioso criado pelo sul-coreano falecido Sun Myung Moon, conhecido como teverendo Moon, de arruinar sua família. O suspeito acreditava que, atingindo o ex-primeiro-ministro, prejudicaria o grupo.

– Minha família se juntou a essa religião e nossa vida se tornou mais difícil depois de doar dinheiro para ela. Eu queria atingir o mais alto funcionário da organização, mas era difícil. Então, mirei em Abe porque acreditava que ele estava ligado a ela. Eu queria matá-lo – disse Yamagami à polícia, segundo o jornal Asahi Shimbum.

A polícia havia relato anteriormente que o crime foi motivado por “ódio a um determinado grupo”, que não havia sido identificado até então.

TEORIAS DA CONSPIRAÇÃO LIGAM AVÔ DE SHINZO ABE À IGREJA
De acordo com notícias japonesas, a mãe de Yamagami tornou-se membro do movimento religioso e perdeu dinheiro por isso. Um homem que se identificou como parente de Yamagami disse ao jornal Asahi Shimbun que toda família do assassino teve problemas com o movimento religioso.

— Sua família se desfez devido ao grupo. Estou convencido de que Yamagami sofreu danos devido à organização – disse o homem, em referência à Igreja da Unificação.

A polícia e a imprensa japonesa evitam levantar suspeitas contra uma organização que, a princípio, não possui qualquer relação com o crime. Por outro lado, se não divulgarem informações, isso pode levantar suspeitas de que integram uma conspiração.

Não existe nada oficialmente comprovado que ligue o movimento religioso ao ex-primeiro-ministro. Porém, teorias da conspiração que circulam na internet acusam o avô materno de Abe, Nobusuke Kishi, de ter antigos vínculos com a igreja. Nobusuke foi primeiro-ministro do Japão de 1957 a 1960 e foi acusado de cometer crimes de guerra na Manchúria, no nordeste da China.

PLANEJAMENTO DO CRIME
Surgiram outros detalhes sobre Yamagami que indicam como foi o planejamento. Ele morava em um apartamento a cerca de três quilômetros da estação Yamato-Saidaiji em Nara, onde o crime foi cometido.

Como é tradição no Japão, o primeiro-ministro fazia um discurso de campanha na rua, próximo aos eleitores, para eleições neste domingo (10) para a Câmara Alta.

Yamagami soube da visita de Abe em 8 de julho, por meio do site do Partido Liberal Democrata, a sigla que comandou o Japão durante o maior período do pós-guerra.

Ele usou uma arma artesanal feita de metal e madeira, com dois canos conectados por fita adesiva e um cabo. A polícia disse ter encontrado outras armas na casa de Yamagami, além de explosivos rudimentares.

O jornal Yomiuri afirmou, citando o especialista em armas Tetsuya Tsuda, que ele deve ter usado pólvora como propulsor, extraída a partir de fogos de artifício convencionais. Os artefatos são facilmente obtidos no Japão, diferentemente das armas de fogo, rigorosamente controladas.

Yamagami, que estava desempregado, trabalhou para uma fabricante de fogos de artifícios por volta do outono de 2020, mas pediu demissão em maio deste ano, de acordo com um funcionário da agência de recrutamento. Ele foi anteriormente membro da Força de Autodefesa Marítima por cerca de três anos, entre 2002 e 2005.

Yamagami disse à polícia que, no dia anterior ao assassinato, ele foi para a cidade de Okayama, onde Abe também estava fazendo um discurso de campanha para a eleição da Câmara Alta neste domingo.

IGRJEJA ESTÁ PRESENTE NO BRASIL
A Igreja da Unificação crê que, em 1936, Deus, por meio de Jesus, escolheu o jovem coreano Sun Myung Moon, mais conhecido como reverendo Moon, para representá-lo na Terra.

Na década de 90, o reverendo deu início ao ambicioso projeto de transformar a cidade de Jardim, no Mato Grosso do Sul, em uma cidade modelo para o mundo, com milhares de imigrantes coreanos, japoneses e de dezenas de outras nacionalidades. Moon, que morreu em 2012 aos 92 anos, comprou 85 mil hectares de terras no Mato Grosso do Sul, além de outros 200 mil hectares no lado paraguaio.

Em maio de 2002, a Polícia Federal e a Receita Federal realizaram operação de busca e apreensão em 13 escritórios e casas de funcionários do reverendo Moon localizados em São Paulo e em cinco cidades do Mato Grosso do Sul.

Depois de uma investigação, a Polícia Federal não encontrou irregularidades e arquivou o caso. Uma CPI do mesmo ano da Assembleia Legislativa Sul-Matogrossense também não encontrou nenhum crime e arquivou o caso.

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