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Item obrigatório, máscara vira motivo de brigas e até mortes

Intolerância e falta de senso coletivo lembram o grupo Liga Anti-Máscara, que existia há um século nos EUA

Camille Dornelles - 17/07/2020 13h07

Na França, um motorista de ônibus de 59 anos morreu espancado após se recusar a levar um passageiro sem máscara. Nos Estados Unidos, um homem de 43 anos esfaqueou um idoso de 77 numa loja por ser confrontado por não estar usando máscara. No Brasil, o gerente de um supermercado matou a tiros um cliente de 36 anos que se negou a colocar a máscara. Tudo isso ocorreu apenas neste último mês.

Além dos casos extremos, que terminaram em assassinatos, outros também chocam: em Goiás, um idoso de 76 anos foi agredido após barrar a entrada de um cliente sem máscara; passageiros bateram no motorista de ônibus por pedir que todos usassem máscara em Belo Horizonte.

Motorista de ônibus foi agredido a socos após pedir uso de máscara a passageiros em Belo Horizonte Foto: Reprodução

As críticas ao uso obrigatório do equipamento de proteção elevaram o “movimento dos anti-máscaras” a níveis extremos e violentos. Além de uma infração legal, a falta do uso em espaços públicos pode elevar a tensão entre as pessoas. Aqui no Brasil, a obrigatoriedade do uso foi implantada em junho, após aprovação de um Projeto de Lei pelo Congresso Nacional.

LEI VIGENTE
Depois, no dia 3 de julho, o presidente Jair Bolsonaro sancionou a lei 14.019/2020, que determina onde ela deve ser utilizada.

– É obrigatório manter boca e nariz cobertos por máscara de proteção individual, conforme a legislação sanitária e na forma de regulamentação estabelecida pelo Poder Executivo federal, para circulação em espaços públicos e privados acessíveis ao público, em vias públicas e em transportes públicos coletivos, bem como em: veículos de transporte remunerado privado individual de passageiros por aplicativo ou por meio de táxis; e ônibus, aeronaves ou embarcações de uso coletivo fretados – estipula o artigo 3º.

SEMELHANÇAS NA HISTÓRIA
O movimento atual é muito semelhante ao que ocorreu durante a gripe espanhola, em 1919. Há um século existia um grupo intitulado Liga Anti-Máscara na cidade de São Francisco, Estados Unidos, que era contra as restrições para conter a pandemia.

Há um século existia um grupo intitulado Liga Anti-Máscara

A doença matou mais de 50 milhões de pessoas e o contágio era rápido, como o do novo coronavírus. Autoridades exigiram que a população usasse máscaras de proteção, mas alguns desconfiaram da necessidade, outros achavam o uso incômodo e ainda outros protestavam contra a intromissão do governo sobre suas vida.

Liga Anti-Máscara, de 1919, era contra uso da proteção durante a gripe espanhola Foto:Arquivo/ California History Room, California State Library

NÃO É FALTA DE INFORMAÇÃO
Para sanar as dúvidas das pessoas sobre o efeito da máscara, o Governo do Estado de São Paulo criou um guia para tirar dúvidas a respeito dela. O mesmo foi feito pela Anvisa e pelo Ministério da Saúde.

Porém, a desinformação não é o único fator da falta da máscara. O biólogo virologista Átila Iamarino, que analisa a pandemia do novo coronavírus, ponderou sobre a recusa em um artigo intitulado “O que leva alguém a não usar máscara contra a Covid-19?”.

– Se sua comunidade acha usar máscaras uma afronta à liberdade ou qualquer outra indignação nociva dessas, não serão mais fatos ou mortes que vão convencer essas pessoas a colocarem máscaras. O mesmo acontecerá com vacinas. Por mais vidas que estejam colocando em risco. A solução, nesse caso, não é dar mais informação mas sim cobrar uma postura da mesma maneira que fazemos com cintos de segurança. Vacinas talvez precisem ser impostas, assim como o uso de máscaras – apontou.

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