Gabriela Doria - 23/10/2019 14h55 | atualizado em 23/10/2019 19h54

A polícia britânica investiga o caso dos 39 corpos encontrados na madrugada desta quarta-feira (23) em um caminhão frigorífico. Supostamente o veículo é procedente da Bulgária e estava em um complexo industrial no condado de Essex, no leste da Inglaterra. O incidente reabre o debate sobre as máfias de imigração.

Os agentes prenderam o motorista do veículo, um homem de 25 anos da Irlanda do Norte. Ele é suspeito de homicídio. Autoridades investigam para esclarecer as circunstâncias das mortes de 38 adultos e um adolescente.

Em breve declaração à imprensa, a vice-chefe da polícia de Essex, Pippa Mills, se limitou a dizer que a investigação provavelmente será “longa” e pediu a colaboração da população na coleta de informações.

A identificação das vítimas, cuja nacionalidade se desconhece, é a “prioridade número um” dos agentes, segundo Mills. Outra tarefa importante é determinar a rota percorrida pelo veículo até chegar ao Waterglade Industrial Park, em Eastern Avenue, na cidade de Grays, complexo que agora está isolado.

– Por favor, levem em conta que estamos na fase inicial do que será, provavelmente, uma investigação longa – alertou a policial.

Acredita-se que o caminhão entrou no Reino Unido no sábado (19) passando pelo porto de Holyhead (em Anglesey), ao norte do País de Gales, possivelmente de um ferryboat da Irlanda, cujas medidas de controle não são tão elevadas como nos portos de Dover e Calais. No entanto, a rota final ainda não foi totalmente identificada.

A polícia também não sabe ainda como os serviços de emergência, que avisaram aos agentes com uma chamada de madrugada, foram informados sobre a presença dos corpos no caminhão.

Entre as primeiras hipóteses, as autoridades cogitam um vínculo do episódio com o tráfico ilegal de pessoas. Suspeita-se que o veículo, através da Irlanda, teria feito um caminho diferente do que geralmente é usado para entrar ilegalmente no Reino Unido com imigrantes ilegais, evitando os movimentados portos de Dover e Calais, que são mais vigiados.

O diretor executivo da Associação de Transporte Rodoviário, Richard Burnett, informou à imprensa local que o caminhão era uma unidade frigorífica, dado que não foi confirmado pela polícia britânica.

Burnett ressaltou que a tragédia “destaca o perigo das máfias de imigrantes que levam pessoas de maneira ilegal em caminhões”. As condições nas quais se encontraram essas vítimas são “absolutamente horrendas”, comentou.

– [Os frigofíricos] são escuros e, incrivelmente, frios. As temperaturas chegam a 25 graus abaixo de zero quando são transportados produtos congelados, o que faz com que os humanos percam a vida bastante rápido – especificou.

O incidente chocou a sociedade britânica, que nos últimos dias só tem pensado no Brexit. O primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, se mostrou “horrorizado” pelo ocorrido. O premiê da Irlanda, Leo Varadkar, classificou as mortes como “tragédia humana” e prometeu averiguar se o caminhão passou pela Irlanda.

*Informações da agência EFE

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