Indonésia vincula mortes à adulteração química de xaropes
Polícia local informou que um intermediário falsificou e adulterou produtos
Pleno.News - 30/01/2023 14h21 | atualizado em 30/01/2023 15h37
Nesta segunda-feira (30), a polícia da Indonésia informou que um intermediário local falsificou e adulterou produtos químicos destinados a uso industrial para fazer parecer que eram para uso farmacêutico, resultando em sua utilização em xaropes que supostamente causaram a morte por envenenamento de mais de 200 crianças no país.
O porta-voz da polícia, Pipit Rismanto, disse, nesta segunda, que as autoridades descobriram que a empresa CV Samudra Chemical vendia dietilenoglicol e etilenoglicol (produtos químicos encontrados nas drogas suspeitas) para uso industrial como se fosse propilenoglicol para uso farmacêutico.
– Talvez devido à diferença de preço ou outras coisas, a CV Samudra Chemicals mudou a embalagem, os rótulos e o conteúdo para parecer que era propilenoglicol de uso farmacêutico com a marca Dow Chemical Pacific Thailand – detalhou Rismanto.
O porta-voz explicou que, “mesmo que o rótulo indicasse que os componentes eram da Dow, não significa que a matéria-prima fosse da Dow”, empresa tailandesa, mas que “o método utilizado pela Samudra era comprar líquidos de uso industrial de vários fornecedores, cuja origem é desconhecida”.
Posteriormente, alteraram a embalagem e a princípio adulteraram o conteúdo para enviar a distribuidores, em uma intrincada rede ainda sob investigação, embora quatro executivos da CV Samudra Chemical e outros sócios locais já tenham sido presos.
CASOS EM PELO MENOS TRÊS PAÍSES
A Indonésia é um de pelo menos três países, junto com Gâmbia e Uzbequistão (com pelo menos 70 e 21 mortes, respectivamente), que registraram mortes incomuns de crianças por insuficiência renal aguda nos últimos meses após a suposta ingestão de xaropes contaminados por dietilenoglicol e etilenoglicol.
Estes são componentes químicos comumente usados como solventes industriais e agentes anticongelantes e podem ser altamente tóxicos para os rins e o fígado.
O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, pediu, na semana passada, que se aumentasse a vigilância em todo o mundo – após emitir alertas para cada caso – em relação aos produtos sob suspeita, que conteriam altas doses desses produtos químicos.
No momento, essa é a única característica comum entre os xaropes apontados como possíveis causadores da morte de crianças nos três países, sendo os medicamentos investigados na Gâmbia e no Uzbequistão provenientes de duas farmacêuticas indianas (Maiden Pharmaecuticals e Marion Biotech) e os envolvidos na Indonésia produzidos localmente.
Sem que tenha havido nenhuma investigação conclusiva no momento, a atenção agora está parcialmente voltada para saber se as empresas farmacêuticas por trás dos xaropes indicados poderiam ter recebido matérias-primas dos mesmos fornecedores.
Na Indonésia, 25 famílias de menores afetados levaram o governo e sete fabricantes locais de produtos farmacêuticos e químicos ao tribunal, em um processo iniciado em 17 de janeiro.
*EFE
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