Índia: 2,1 mil homens são presos por casamentos com menores
Entre os presos estão pelo menos 50 sacerdotes hindus e clérigos muçulmanos de Assam
Marcos Melo - 04/02/2023 16h52 | atualizado em 06/02/2023 15h27

A polícia indiana prendeu mais de 2 mil homens em operação para reprimir casamentos infantis ilegais entre adultos e meninas com menos de 18 anos. As prisões ocorreram durante esta semana, informaram autoridades.
Entre os presos estão pelo menos 50 sacerdotes hindus e clérigos muçulmanos de Assam, comunicou o chefe da polícia estadual, Gyanendra Pratap Singh.
– Até agora prendemos 2.169 homens com base em 4.074 casos policiais registrados – disse Singh.
Muitos casos de casamento infantil em Assam, estado de 35 milhões de habitantes, não são denunciados. Apenas 155 ocorrências foram registradas em 2021, e 138 em 2020, de acordo com o Departamento Nacional de Registros Criminais do país.
Na Índia, a idade legal para casar é 21 anos para homens e 18 para mulheres. Pobreza, educação precária e normas e práticas sociais, principalmente nas áreas rurais, são consideradas razões para matrimônios infantis ilegais.
As TVs mostraram a prisão de homens enquanto mulheres jovens com bebês nos braços, choravam e protestavam contra as detenções.
– Estávamos lutando e de alguma forma conseguindo sobreviver. Éramos felizes juntos. Quem vai prover nosso sustento agora que meu marido foi preso? – perguntou uma jovem.
Singh disse que os casamentos infantis são uma das razões para as altas taxas de mortalidade infantil e materna do estado.
– Pedi à polícia de Assam que agisse com um espírito de tolerância zero contra o crime imperdoável e hediondo contra as mulheres – disse Himanta Biswa Sarma no Twitter, principal autoridade eleita do estado.
O Parlamento da Índia está considerando uma legislação para aumentar a idade para o casamento das mulheres de 18 para 21, a fim de alinhá-la com a dos homens e promover a igualdade de gênero.
O ministro da Mulher e Desenvolvimento Infantil da Índia, Smriti Irani, disse ao Parlamento, na sexta-feira (3), que a mudança permitiria que as meninas concluíssem sua educação formal e alcançassem a independência econômica, além de atingir a maturidade física e psicológica.
*AE
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