Ana Luiza Menezes - 13/11/2018 17h59 | atualizado em 13/11/2018 19h06

O governo da Nicarágua afirmou que ONGs promoveram uma tentativa de golpe no país. Um comunicado emitido pelo Ministério das Relações Exteriores afirmou que as organizações não governamentais são, na verdade, grupos políticos disfarçados e associados ao crime organizado com financiamento vindo do exterior.

– Elas (as ONGs) executaram sequestros, torturas, extorsões, assassinatos, saques, obstrução de vias públicas, destruição e incêndios de edifícios públicos. (…) Esta tentativa de golpe de Estado atentou contra a paz, a segurança, a estabilidade e a economia do povo da Nicarágua – denunciou o texto.

O presidente Daniel Ortega já tinha feito um discurso, na semana passada, acusando grupos dos Estados Unidos e da União Europeia de serem cúmplices de supostos crimes que aconteceram durante protestos contra seu governo.

O documento emitido pelo Ministério seguiu a mesma linha de acusações de Ortega. As autoridades insistem que as ações terroristas e os crimes cometidos deixaram como resultado 198 pessoas mortas, das quais 22 eram membros da Polícia Nacional, 1.240 pessoas feridas, das quais 401 são oficiais das forças de segurança.

O governo garantiu ainda que Ortega está comprometido com a reconciliação e a paz na Nicarágua. Em seu relatório, ele reportou que 252 edifícios públicos foram vandalizados, 209 quilômetros de ruas e estradas destruídos.

UM PAÍS EM CONFLITO
A Nicarágua vive uma crise social e política que provocou uma série de protestos contra o presidente do país. Segundo organizações de direitos humanos locais e estrangeiras, entre 325 e 535 pessoas morreram desde abril. O governo, entretanto, só reconhece 199 vítimas.

Em julho, a estudante brasileira Raynéia Gabrielle Lima foi morta a tiros no país. O Escritório do Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos (Acnudh) e a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) responsabilizaram o governo por mais de 300 mortes. Essas duas organizações acusaram o país de promover execuções extrajudiciais, torturas, obstrução ao atendimento médico, prisões arbitrárias, sequestros e violência sexual.

Ortega negou as acusações e afirmou que foi vítima de uma tentativa de golpe de Estado por parte da oposição.

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