Pierre Borges - 17/03/2021 16h54 | atualizado em 17/03/2021 17h10

A França anunciou que irá devolver uma obra de arte de Gustav Klimt aos herdeiros de uma família judia que o vendeu para tentar sobreviver durante o regime nazista.

Segundo a ministra da Cultura da França, Roselyne Bachelot, a restituição da pintura à família é um ato de reconhecimento dos crimes sofridos pelos judeus. Ela afirma ainda que o quadro é uma testemunha das “vidas destruídas” pelos nazistas.

Antes da segunda guerra mundial, Nora Stiasny era a dona do quadro Rosier sous les Arbres (Roseiras sobre as árvores). Nora vem de uma conhecida família judia na Áustria e herdou o quadro do tio, que era empresário e colecionador de arte.

Pouco antes da guerra eclodir, em 1938, Nora vendeu a pintura por um valor muito abaixo do avaliado para o quadro. Na ocasião, a Áustria havia sido anexada à Alemanha há alguns meses. Em 1942, Stiasny foi deportada para um campo de concentração na Polônia, onde morreu.

O comprador do quadro de Stiasny manteve a posse da obra até sua morte, na década de 60. Já a França, comprou a pintura, por meio de um leilão em 1980, para o Musée d’Orsay.

– Hoje, nós sabemos que é uma obra que foi saqueada na Áustria, em agosto de 1938 – disse a ministra da Cultura numa coletiva de imprensa.

Bachelot confessou que a decisão de devolver o quadro foi difícil, mas essencial. Rosier sous les Arbres é o único quadro de Gustav Klimt sob a posse da França.

– Significa tirar uma grande obra de arte da nossa coleção nacional, que é a única pintura de Gustav Klimt que a França possui. Mas essa decisão é necessária, essencial. Oitenta e três anos depois da venda forçada da pintura por Nora Stiasny, essa medida é um ato de justiça – declarou Bachelot em Paris, no Musée d’Orsay.

Como não há descendentes diretos de Nora vivos, o quadro será devolvido aos herdeiros de sua irmã. Em 2017, uma pintura de Gustav Klimt foi vendida por quase 48 milhões de libras (cerca de R$ 374 milhões).

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