Festa que ressalta “virtude” de jovens gera polêmica
Celebração pode acontecer no povoado de Salency, na França
Jade Nunes - 22/08/2018 10h35 | atualizado em 22/08/2018 12h03

A festa que o pequeno povoado francês de Salency faz para coroar uma jovem escolhida por suas “virtudes” estava há 30 anos sem acontecer, mas o anúncio do retorno, marcado para junho de 2019, chegou cercado de polêmica, após alguns críticos apontarem que a virgindade é um dos critérios de seleção.
Um artigo publicado no jornal Le Parisien que cita “a virtude, a piedade e a modéstia, mas também a virgindade” como qualidades exigidas gerou uma onda de críticas e um petição online no Change.org com mais de 30 mil assinaturas contra a organização da festa, que agora está por um fio.
A Fête de la Rosière nasceu no século 5, quando São Medardo coroou uma jovem exemplar como santa. Desde então, e até 1987, uma moça com idade entre 16 e 20 anos era escolhida todo ano como a “Rosa” por sua “conduta irretocável”, e no domingo seguinte era coroada com flores e escoltada por 20 meninos e meninas.
– A polêmica aconteceu por causa da pouca honestidade da imprensa. Disse virtude como critério e transformaram a minha mensagem – lamentou Bertrand Tribout, presidente da Confraria de São Medardo, organizadora da festa.
Embora alguns jornais atribuam a ele a informação de que a reputação das candidatas pese na hora da escolha, ele garantiu que é um “apaixonado pela história”, mas a questão da virgindade “não interessa”.
– Quando falamos de virtude, falamos da disposição de fazer o bem. A virtude da inteligência, de ser boa aluna, de ajudar o outro, do envolvimento com o povo, de se preocupar com o próximo. Sempre falo de estima, estima pública – ressaltou Tribout à Agência Efe.
Com apenas 900 habitantes, a pressão midiática pegou de surpresa a Prefeitura de Salency, que deixou de fazer o evento há três décadas “por motivos financeiros” e que, em uma tentativa de reativar o patrimônio local, decidiu retomá-la. Apesar das críticas, a eventual anulação será decidida em uma votação em setembro.
*Com informações da Agência EFE
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