Ex-prisioneiro da Rússia era forçado a ouvir ABBA em tortura
Em cativeiro russo por seis meses, Shaun Pinner foi liberto na semana passada
Monique Mello - 26/09/2022 17h36 | atualizado em 26/09/2022 18h16

O ex-soldado britânico Shaun Pinner, de 48 anos, relatou ao jornal The Sun sobre as torturas que sofreu durante os seis meses de prisão na Rússia, em decorrência da guerra contra a Ucrânia. Ele relatou que, além de ser ferido a faca e levar choques, era forçado a ouvir as bandas ABBA – em especial a música Mamma Mia – e Slipknot durante 24 horas ininterruptas.
– Os últimos seis meses foram os piores dias da minha vida. Eu nunca mais quero ouvir uma música do ABBA ou ver um pedaço de pão. Eu tenho muita sorte de estar em casa – disse Shaun, que durante o tempo de prisão, se alimentou apenas de pão seco e água suja.
Casado com uma ucraniana, Pinner lutou contra os russos na guerra, mas acabou sendo capturado em abril, com outros nove soldados, durante o cerco russo na cidade de Mariupol.
– Estava cercado por separatistas russos. Eles me despiram e colocaram uma faca na minha coxa sem motivo. Eles bateram em mim por 20 minutos – contou.
E prosseguiu sobre os choques:
– Foi um choque feroz. Eles fizeram isso por 40 segundos de cada vez. Parecia que eles apenas faziam isso por diversão – relatou.
De acordo com Pinner, ele chegou, inclusive, a passar por uma simulação de execução.
– Um homem apontou-me uma pistola à nuca, carregou-a e disse: “Vai morrer agora”. Pensei que seria o meu fim, foi então que começou a rir e disse que estava brincando… Depois começou a chicotear-me – disse na entrevista.
Julgado num tribunal em Donetsk, Shaun Pinner foi condenado à pena de morte como mercenário. No entanto, após um acordo entre Rússia e a Ucrânia, ele e os outros prisioneiros foram libertados na semana passada. A libertação foi mediada pelo oligarca russo Roman Abramovich, ex-proprietário do Chelsea FC.
– Disse a ele que ele realmente se parecia com Roman Abramovich. Ele respondeu: “É porque eu sou”. Ele disse que trabalhava com ajuda humanitária. Tiramos uma foto com ele e perguntei por que ele não comprou o West Ham e ele respondeu que o Chelsea era mais perto de sua casa. Ele realmente salvou minha vida – declarou Shaun.
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