EUA são denunciados por separarem crianças de pais
Prática é resultado da política migratória de "tolerância zero" do governo Trump
Jade Nunes - 19/06/2018 11h07
O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) denunciou nesta terça-feira (19) a prática americana de separar crianças imigrantes de seus pais na fronteira com o México e lembrou que em qualquer circunstância os menores de idade devem estar sempre junto às suas famílias.
Antes, quem cruzasse a fronteira entre México e Estados Unidos passava por uma audiência e a família podia ser deportada. Agora, os pais são processados criminalmente e levado para prisões federais, enquanto os filhos vão para abrigos.
A diretora-executiva do Unicef, Henrietta Fore, disse hoje em comunicado que “parte o coração ver como crianças, alguns deles bebês, que buscavam refúgio nos Estados Unidos são separados dos seus pais”.
Segundo dados oficiais, cerca de 2 mil menores imigrantes foram separados de suas famílias na fronteira com o México em um prazo de seis semanas, devido à política de “tolerância zero” do presidente dos EUA, Donald Trump, contra a imigração ilegal.
– As crianças, sem levar em conta de onde vêm ou qual é seu status migratório, são crianças antes que tudo. Os que não tiveram outra opção a não ser fugir de suas casas têm o direito de ser protegidos, ter acesso aos serviços essenciais e estar com suas famílias, como qualquer outra criança – acrescentou.
Fore insistiu que “a detenção e a separação das famílias são experiências traumáticas que podem expôr estas crianças à exploração e abuso”.
O porta-voz do Unicef Christophe Boulierac foi perguntado hoje em entrevista coletiva se a entidade tem acesso ou se a própria Fore ou algum diretor solicitou visitar os centros onde as crianças estão detidas, mas a pergunta não teve resposta.
Nos EUA é crescente a indignação após terem sido divulgadas imagens de menores imigrantes hospedados em armazéns e, em alguns casos, dentro de recintos divididos em celas.
O porta-voz disse que “não é aceitável” ter os menores trancados e separados dos seus pais e ressaltou “que é terrível não ser capaz de consolar e ajudar uma criança, porque as crianças precisam de afeto e carinho”.
*Com informações da Agência EFE
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