Documentário sobre abusos sexuais abala Igreja Católica
Reações entre sacerdotes foram diversas. Alguns se desculparam e outros não se pronunciaram
Jade Nunes - 13/05/2019 11h40

Um novo documentário sobre casos de menores de idade vítimas de agressão sexual por parte de religiosos católicos provocou uma onda de reações na Polônia, com mais de 3 milhões de visitas ao vídeo durante as primeiras horas de publicação.
Não Conte a Ninguém é o título do polêmico documentário dirigido por Tomas Sekielski e produzido por seu irmão Mark Sekielski que narra a experiência de várias vítimas de abusos sexuais cometidos por padres.
Entre as vítimas há o depoimento de um homem que lembra como sofreu abusos aos 12 anos por parte do sacerdote Franciszek Cybula, que foi confessor do ex-presidente polonês e líder histórico do sindicato Solidarnosc (Solidariedade), Lech Walesa.
As reações da Igreja Católica oscilaram entre os que pediram desculpas “pelos erros cometidos”, como o primaz da Polônia, Wojciech Polak, e os que evitaram se pronunciar “por não terem visto o documentário”, como o arcebispo de Gdansk, Slawoj Glod.
Por sua vez, o arcebispo da Cracóvia, Marek Jedraszewski, classificou o filme como uma forma “miserável de fazer política com base em mentiras”.
Lech Walesa disse nesta segunda-feira (13 ) que desconhece os fatos sobre Cybula narrados no documentário e lamentou ter tido “maus confessores”. Além disso, o ex-presidente pediu à hierarquia católica que atue com decisão para abordar o problema dos abusos sexuais no âmbito da Igreja.
O líder do partido governante da Polônia, o conservador e nacionalista Lei e Justiça, Jaroslaw Kaczynski, também reagiu ao documentário e disse que a legenda prepara mudanças no código penal para endurecer as penas por abuso sexual a menores.
– Previsivelmente, as penas aumentarão até 30 anos de prisão – antecipou Kaczynski, que fez o anúncio em plena campanha para as eleições europeias que acontecem em 26 de maio.
Atualmente, o abuso sexual a menores de 15 anos é punido na Polônia com até 12 anos de prisão.
Em outubro do ano passado, outro filme controverso, Kler (Clero), abordou os temas de abuso infantil, relacionamentos, corrupção, cobiça e alcoolismo no seio da Igreja Católica polonesa, até se tornar o filme com maior número de espectadores na Polônia neste século.
*Com informações da Agência EFE
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