Ditadura de Ortega solta bispo condenado a 26 anos de prisão
Álvarez estava preso desde agosto de 2022 após críticas ao governo
Thamirys Andrade - 05/07/2023 09h43 | atualizado em 05/07/2023 18h03
Preso e condenado a mais de 26 anos de prisão por criticar a ditadura de Daniel Ortega, na Nicarágua, o bispo Rolando Álvarez foi solto nesta segunda-feira (3). O líder religioso estava preso desde agosto de 2022, acusado de trair e atentar contra a integridade nacional.
Segundo a imprensa local, a soltura de Álvarez ocorreu por ordem do próprio Ortega após reiterados pedidos do Vaticano, que negocia com o governo da Nicarágua o exílio do bispo. Caso o líder religioso se recuse a deixar o país, ele pode retornar para a prisão, segundo informou uma fonte diplomática à CNN.
Álvarez entrou na mira da ditadura nicaraguense depois de denunciar violações aos direitos humanos no país e criticar Ortega. A Igreja Católica sofre há cinco anos um conflito com o país por mediar protestos antigoverno. Os bispos são acusados de “golpismo” contra Ortega.
O caso do bispo Álvarez chegou a ser pauta de conversa no encontro do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o papa Francisco. O petista possui uma boa relação com Ortega. O Brasil, sob Lula, não chegou a assinar a declaração conjunta da Organização das Nações Unidas (ONU) que denunciava os crimes cometidos pelo ditador da Nicarágua.
Vale lembrar também que o petista disse, em debate em outubro de 2022, que sentia “orgulho” de ter participado das comemorações da derrubada de poder na Nicarágua ao lado de Ortega, e que o regime político atual no país é algo “que depende deles”, cabendo ao povo da Nicarágua punir os erros do seu líder se ele estiver errando.
Ao papa Francisco, em junho deste ano, Lula prometeu que conversaria com Ortega para pedir a soltura do bispo Álvarez. Nesta terça-feira (4), em cúpula do Mercosul, ele disse que o diálogo com o líder nicaguarense estava marcado para a próxima semana.
– Eu assumi o compromisso com o papa Francisco de falar com o Daniel Ortega, na próxima semana, para falar da disputa com os setores da Igreja. O que não pode é a gente isolar e a gente levar em conta que os defeitos estão em apenas um lado, os defeitos são múltiplos – declarou Lula.
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