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Dinamarca armazena 10 mil cérebros em porão. Entenda!

Maior acervo de cérebros do mundo virou alvo de debate ético nos últimos anos

Thamirys Andrade - 18/04/2023 13h03 | atualizado em 18/04/2023 13h59

Coleção fica na Universidade do Sul da Dinamarca Foto: Reprodução / Youtube / Euronews

Um acervo com quase 10 mil cérebros preservados em formol, no porão da Universidade do Sul da Dinamarca, virou alvo de debate ético e científico nos últimos anos. Os órgãos vinham sendo retirados até a década de 80 em autópsias de pacientes que morreram em instituições psiquiátricas. Grande parte das extrações foram feitas sem a autorização prévia do paciente ou de seus parentes, gerando uma discussão nacional sobre o que fazer com a maior coleção de cérebros do mundo.

Segundo informações da BBC, a coleta dos órgãos teve início após a Segunda Guerra Mundial, em 1945. À época, eles eram armazenados no Instituto de Patologia Cerebral, localizado no Hospital Psiquiátrico Risskov. Pacientes com transtornos mentais tinham os cérebros removidos e os corpos enterrados em cemitérios da região. Muitos tinham sinais de lobotomia.

– Havia um estigma tão grande em torno dos transtornos mentais que ninguém que tinha um irmão, irmã, pai ou mãe em uma ala psiquiátrica sequer os mencionava. Naquela época, os pacientes ficavam internados a vida toda. Não havia tratamento, então eles ficavam lá, talvez trabalhando no jardim, na cozinha ou outras coisas. Eles morriam ali e eram enterrados no cemitério do hospital – contou o patologista Martin Wirenfeldt Nielsen.

De acordo com ele, “todos esses cérebros estão muito bem documentados”.

– Sabemos quem eram os pacientes, onde nasceram e quando morreram. Também temos seus diagnósticos e relatórios de exames neuropatológicos (post mortem). Temos muitos metadados. Podemos documentar muito do trabalho que os médicos fizeram no paciente naquela época, além de termos o cérebro agora – relatou Nielsen.

O acervo parou de crescer em 1982 por falta de orçamento, chegando-se a cogitar sua destruição total. Entretanto, a Universidade do Sul da Dinamarca decidiu assumir a responsabilidade de preservar o material recolhido até então.

Contudo, o caso veio gerando uma ampla discussão sobre a ética de se manter uma coleção que foi criada de forma controversa. Para muitos, os cérebros deveriam ser destruídos, enterrados junto de seus respectivos corpos ou sepultados todos em um só espaço.

Após anos de debate, o Conselho de Ética da Dinamarca decidiu que, embora a coleta dos cérebros tenha sido imoral, destruí-los todos em vez de usá-los em pesquisas científicas também seria um ato antiético. Dessa forma, decidiu-se que o material biológico seria mantido para fins de novas descobertas sobre transtornos mentais.

No momento, há projetos em andamento com o foco em estudo de demência e depressão. Os cérebros estão envoltos em blocos de parafina e preservados dentro de baldes de formol.

– Talvez daqui a muito tempo, talvez 50 anos ou mais, alguém apareça e saiba mais sobre o cérebro do que nós – assinalou Knud Kristensen, ex-presidente da Associação Nacional de Saúde Mental da Dinamarca.

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